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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, março 03, 2012

Tukanalha em Perigo, de novo

 Cachoeira, o Poderoso Chefão, ameaça Perillo

Cachoeira, o Poderoso Chefão, ameaça PerilloFoto: DIVULGAÇÃO

AINDA NÃO CAIU A FICHA DA IMPRENSA BRASILEIRA SOBRE A GRAVIDADE DA OPERAÇÃO MONTE CARLO, QUE PRENDEU CARLOS CACHOEIRA.

O MICHAEL CORLEONE TUPINIQUIM EXPLORAVA CASSINOS, MANDAVA NA SEGURANÇA PÚBLICA DE GOIÁS, MANTINHA UM ESQUEMA DE ESPIONAGEM E PODE ARRUINAR A CARREIRA DE MARCONI PERILLO

02 de Março de 2012 às 13:40
247 – Um dos maiores escândalos já vistos no Brasil ainda não ganhou a devida atenção da imprensa nacional. Preso ontem pela Polícia Federal, na Operação Monte Carlo, o bicheiro Carlos Cachoeira, que explorava uma rede de caça-níqueis e cassinos ilegais em cinco estados brasileiros, é um personagem semelhante ao lendário mafioso Michael Corleone, interpretado de forma magistral por Al Pacino em “O Poderoso Chefão”. Cachoeira mandava na polícia, tinha jornalistas na sua folha de pagamento, mantinha uma rede de espionagem ilegal e – o mais grave – nomeou dezenas de pessoas para o governo do tucano Marconi Perillo, em Goiás. Isso está dito textualmente na decisão do juiz da 11ª Vara Criminal da Justiça Federal de Goiás, da seguinte maneira: “Descobriu-se a influência de CARLOS CACHOEIRA na nomeação de dezenas de pessoas para ocupar funções públicas no Estado de Goiás”. Ou seja: o governador teria loteado a área de segurança pública a um dos maiores mafiosos do País. E, até agora, Perillo ainda não deu uma única declaração sobre a operação Monte Carlo.
O que se comenta em Brasília é que Cachoeira ajudou a bancar a campanha de Perillo ao governo de Goiás em 2010. Um dos primeiros nomes recrutados foi o do sargento Idalberto Araújo, conhecido como Dadá e notoriamente um dos maiores especialistas em grampos ilegais do País. Outro nome foi o jornalista Alexandre Oltramari, que, antes de se dedicar à campanha de Perillo, era um dos principais repórteres investigativos da revista Veja. Na sentença, o juiz da 11ª Vara também destaca que, ao desarticular a quadrilha de Carlos Cachoeira, foi possível descobrir uma imensa rede de espionagem ilegal. Por isso mesmo, Dadá está preso e, se contar o que sabe, poderá abalar a República.
Os cassinos de Carlinhos Cachoeira em Goiânia e Valparaíso, nas cercanias de Brasília, tinham rendimento médio de R$ 3 milhões/mês, segundo os procuradores Daniel de Resende Salgado, Lea Batista de Oliveira e Marcelo Ribeiro de Oliveira. Também foi preso, como integrante da quadrilha, o ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Wladmir Garcez.
Outro personagem que se mantém em silêncio, além do governador Marconi Perillo, é o secretário de Segurança Pública e Justiça de Goiás, João Furtano Neto. Na Operação Monte Carlo, foram fisgados seis delegados da Polícia Civil, 29 policiais militares e o próprio corregedor da Secretaria de Segurança.
A influência de Carlinhos Cachoeira no governo de Marconi Perillo também atingiria outra área vital: a Secretaria de Indústria e Comércio, onde trabalhariam seis parentes do bicheiro e do ex-presidente da Câmara Municipal. Sem ter como fugir do problema, o secretário Alexandre Baldy declarou ao jornal “O Popular” que considera Cachoeira um “bom amigo” e disse não saber o que “ele faz da vida”. Também flagrado, o coronel Sergio Katayama pediu desculpas à sociedade goiana e disse que há crimes mais sérios a reprimir do que a jogatina.
Antecedentes de Cachoeira
Carlos Cachoeira é talvez o mafioso mais audacioso do Brasil. No início do governo Lula, ele teve coragem de desafiar aquele que era tido como o “capitão do time”: o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Cachoeira trabalhava pela liberação dos bingos e tentava pressionar o governo petista, que se mostrava favorável à causa. Só que quando um assessor de Dirceu foi procurá-lo, Cachoeira decidiu filmá-lo pedindo propina. Era Waldomiro Diniz, ex-subchefe da Casa Civil, que acaba de ser condenado a 12 anos de prisão. A fita foi distribuída nas redações pelo jornalista Mino Pedrosa. Como o caso teve destaque em todos os jornais, revistas e televisões do Brasil ainda em 2004, chega a ser piada o fato de um secretário de governo em Goiás declarar não saber o que Cachoeira fazia da sua vida.
Para quem não o conhece, Cachoeira é o Michael Corleone brasileiro.
E sua relações perigosas têm potencial para arruinar a carreira política de Marconi Perillo, que era tido por muitos tucanos como um presidenciável.
 

Bicheiro foi preso em casa que era de Marconi Perillo


Bicheiro foi preso em casa que era de Marconi PerilloFoto: Divulgação

CARLINHOS CACHOEIRA, QUE MANDAVA NA SEGURANÇA PÚBLICA DE GOIÁS, FOI DETIDO NUMA RESIDÊNCIA QUE JÁ PERTENCEU AO ATUAL GOVERNADOR DO ESTADO; LIGAÇÕES COM MARCONI PERILLO, DO PSDB, E DEMÓSTENES TORRES, DO DEM, SÃO ÍNTIMAS, MAS ASSUNTO CONTINUA IGNORADO POR VEÍCULOS COMO GLOBO, FOLHA, ESTADO, VEJA E ATÉ PELOS QUE SE INTITULAM PROGRESSISTAS; POR QUE SERÁ?

03 de Março de 2012 às 08:23
247 – A prisão do bicheiro Carlinhos Cachoeira, que administrava uma série de cassinos ilegais em Goiás e nas cercanias de Brasília, cada um com faturamento mensal na casa de R$ 3 milhões, tem provocado um verdadeiro tsunami político em Goiás, estado administrado por Marconi Perillo, que vinha sendo apontado como um possível presidenciável do PSDB. Até agora já se sabe que:
1) o mafioso Cachoeira nomeava delegados e pagava mesada a policiais de Goiás (leia maisaqui)
2) o mafioso Cachoeira distribuía presentes ao senador Demóstenes Torres (DEM/GO) (leia mais aqui)
3) o mafioso Cachoeira indicava parentes até para a Secretaria de Indústria e Comércio de Goiás (leia mais aqui)
Agora, mais uma revelação estarrecedora. Ele foi preso na sua residência, em Goiânia. Uma casa que, até 2010, pertencia a quem? Ao governador Marconi Perillo. Leia, abaixo, reportagem de hoje publicada pelo jornal O Popular, o principal de Goiás:
Marconi Perillo (PSDB) disse ontem ao POPULAR que vendeu sua casa no Residencial Alphaville Ipês, onde morou por quatro anos – de 2007 a 2010 –, para Walter Paulo Santiago, proprietário da Faculdade Padrão, no início de 2011, em um negócio intermediado pelo ex-vereador Wladmir Garcêz. A casa é a mesma onde o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso quarta-feira pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, na Rua Cedroarana, Quadra G-3, Lote 11.
Marconi disse que não sabia que Cachoeira morava na casa, que foi vendida por R$ 1,4 milhão, dividido em três parcelas, segundo o governador. “Foi um negócio normal, fechado há um ano e já devidamente declarado no Imposto de Renda deste ano. Essa pergunta (sobre o morador) tem de ser feita ao proprietário da casa”, afirmou.
A casa consta na declaração de bens apresentada por Marconi à Justiça Eleitoral na campanha de 2010, ao valor de R$ 417.816,13.
O tucano contou que Wladmir o procurou mostrando-se ele próprio interessado na compra. “Isso a gente espalha para os amigos, pede ajuda. Aí o Wladmir entrou em contato. Quando fui passar a escritura, ele me informou que seria Walter Paulo o comprador. Eu nem falei com ele (Walter). O dono do cartório trouxe os documentos para eu assinar e depois levou ao comprador. Recebi os três cheques e fui fazendo os depósitos como combinado”, disse.
Reportagem da revista Época, divulgada ontem no site, informa que as investigações apontaram relações políticas de Cachoeira em Goiás (leia reportagem abaixo). Segundo o texto, as gravações da PF mostraram que Wladmir trocou “dezenas de torpedos” pelo celular com o governador.
Marconi atribuiu a troca de torpedos à negociação sobre a venda da casa e à relação política que tem com o ex-vereador. “Eu o conheço há 20 anos, desde que ele era da Legião Brasileira de Assistência (LBA), onde foi superintendente. Ele assessorou a Lúcia Vânia, o Henrique Meirelles, e apoiou minha eleição, foi presidente da Câmara de Goiânia. Depois ele saiu da política daquele jeito que todos sabem e reduzimos o contato. Mas ele e a irmã me ajudaram novamente nas eleições”, disse, admitindo que o ex-vereador indicou nomes para cargos no governo. “Ele me levou uma lista e alguma coisa foi atendida, mas não sei quem são as pessoas.”
Já em relação a Cachoeira, Marconi afirma que não houve nomeação de pessoas indicadas pelo empresário. “Não há nenhuma nomeação e não há nenhum negócio do governo com ele”, garante.
O governador contou que recebeu Cachoeira em audiência no Palácio no primeiro semestre do ano passado, quando o empresário pediu apoio para ampliação de sua empresa de medicamentos em Anápolis, a Vitapan. “Recebo todo mundo que nos procura para ampliar indústrias, em busca de incentivos fiscais. Isso faz parte da política de desenvolvimento do governo”, diz.
Segundo o governador, o processo foi encaminhado à Secretaria de Indústria e Comércio (SIC), mas não foi finalizado. “São muitos pedidos encaminhados. Por algum motivo, não foi concedido. Não sei detalhes”, afirmou.
Ao comentar pela primeira vez a operação, que apontou envolvimento de agentes das Polícias Civil e Militar de Goiás no esquema de jogos ilegais, o governador disse que há “indícios sérios” e que caberá à Justiça avaliar as denúncias. “São denúncias absolutamente estranhas para mim”, afirma. “Sou contra jogo do bicho. Sempre fiz gestões no sentido de ou legalizar ou acabar com isso. Acho que há muita hipocrisia. Se for para existir na clandestinidade dessa forma, é melhor que seja legalizado. Não tenho opinião formada e sou contra jogo, mas seria mais transparente.”
Questionado sobre o contrato com a Delta Construtora para locação de carros das polícias, o governador disse que trata-se de negociação do governo anterior. “Eu pedi apenas que trocasse a frota. O contrato é o mesmo.”
O governador afirmou não temer desgastes com o desenrolar das investigações. “Não tenho temor em relação a nada. Se vender uma casa, que não é do Estado, que é um negócio pessoal, for crime... Não é crime. Não tenho qualquer vinculação com nada disso. Nunca tratei de jogo do bicho com ninguém, não trato disso.”
Marconi disse ter solicitado a assessores relatório sobre doadores de sua campanha eleitoral. “Se teve de alguma empresa (citada nas investigações), foi a Delta, não me lembro bem. Mas nunca pedi ajuda de Cachoeira para isso”, afirmou.
O governador contou que teve alguns encontros casuais com o empresário preso, mas que a relação entre os dois sempre foi “muito à distância”. “Ele circulava na alta sociedade, então tivemos encontros. A irmã dele é casada com o filho do Fernando Cunha, então nos encontramos em eventos festivos, essas coisas.”
*Amoralnato
 

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