Zé de Abreu disseca José Serra: não cumpriu mandato nem de Pres. da UNE! fugiu antes
Serra não cumpre mandato eletivo integral há 17 anos
José Serra coleciona uma quase inacreditável sequência de descumprimentos ao cargo eletivo assumido. Desde 1995 que o ex-presidenciável não cumpre um mandato completamente. Fato deverá ser imensamente usado pelos adversários
O
ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) não cumpre um mandato
integral há 17 anos. O tucano, que oficializou sua intenção de concorrer
nas prévias internas na terça-feira, depois de deixar a cadeira da
Câmara dos Deputados, em 1995, coleciona uma sequência de
descumprimentos ao cargo eletivo assumido. Foram outras duas
interrupções consecutivas antes do término: Serra saiu da prefeitura
paulistana, em 2006, após ficar apenas um ano e três meses no Executivo para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes e abandonou, em 2010, para se candidatar à Presidência.
O
tucano ocupou os cargos de ministro do Planejamento de 1995 a 1996 e
ministro da Saúde de 1998 a 2002. No mesmo ano, ele foi candidato à
Presidência, sendo derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva
(PT). Para não perder o poderio eleitoral, entrou na disputa pela
Capital na eleição de 2004, venceu, mas afastou-se em 2006. Deixou nas
mãos do vice Gilberto Kassab, hoje no PSD, mesmo tendo assinado uma
carta, ainda durante a campanha, comprometendo-se a permanecer no posto
até o fim do mandato.
Como governador ficou de janeiro de 2007 a abril de 2010, quando renunciou o cargo –
deixado nas mãos de Alberto Goldman – para se candidatar pela segunda
vez à Presidência. Serra já exerceu também os mandatos de deputado
constituinte de 1987 a 1991, deputado federal de 1991 a 1995.
Demonstrando-se ávido pelo majoritário, em 1988, foi candidato pela
primeira vez à prefeitura de São Paulo mas, em uma eleição ainda sem
segundo turno, foi derrotado. Depois de oito anos, concorreu novamente
ao cargo, amargando outro revés.
Na
entrada da disputa eleitoral, ele justifica ser fruto de uma
necessidade. Atualmente, garante que vai completar os quatros anos do
governo paulistano, caso seja eleito, assegurando que não disputará o
pleito presidencial de 2014. “Vou cumprir o mandato de prefeito por
quanto tempo o mandato durar, ou seja, até 2016.” Indagado se daria para
prometer se, nesta oportunidade, não deixaria o Executivo, Serra
refutou repetir os precedentes do passado. “Exercerei os quatro anos,
isso é mais que uma promessa.”
O
professor da Fundação Escola de Sociologia e Política, Rui Tavares
Maluf, adianta que o fato será “imensamente usado pelos adversários”.
Segundo ele, a situação recorrente, até agora, teve pouco efeito no
resultado final, mas a “federalização do pleito” vai dificultar o
processo eleitoral. “Fica complicado convencer o novamente o eleitorado. Vejo que atenuaria (a condição) dependendo da escolha do vice.”
Serra, no entanto, não descartou voltar a disputar à Presidência no futuro.
Ele afirmou que um sonho pode “permanecer adormecido” por muito tempo.
“Estou no auge da minha energia”, disse ele, evitando fazer conjecturas
políticas se a corrida ao Palácio do Planalto se daria em 2018.
Tavares
argumenta que as declarações de Serra ficam incompatíveis ao comentar o
fato de não entrar no pleito de 2014. “Ele sempre diz que tem o sonho
de ser presidente. Não é nenhum garoto (completa 70 anos dia 19). Essa
chance pode ser a última ao cargo.” THIETRE / RJ
*Ajusticeiradeesquerda
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