Caem como dominó: Citado por Cachoeira, procurador-geral do Estado pede exoneração do cargo
Caem como dominó: Citado por Cachoeira, procurador-geral do Estado pede exoneração do cargo
O procurador-geral do
Estado, Ronald Bicca, solicitou nesta sexta-feira (13) exoneração do
cargo. A justificativa para o pedido de licença seria a realização de um
curso no exterior. O governador Marconi Perillo atendeu à solicitação e
designará como procurador-geral interino o atual procurador-geral
adjunto, Alexandre Tocantins.
Citado em conversas
O
procurador-geral do Estado, Ronald Bicca, também aparece nas
investigações da Polícia Federal como uma das autoridades do governo
estadual que teriam ligação com o empresário Carlos Cachoeira, preso
pela Polícia Federal no dia 29 de fevereiro sob acusação de comandar uma
quadrilha que explorava jogos ilegais e que teria se infiltrado no
aparato estatal para assegurar os negócios.
Bicca é citado por
Cachoeira e por alguns membros da suposta organização criminosa em
diálogos transcritos pela PF. À reportagem, o procurador admitiu
conhecer Cachoeira, mas alegou que a relação se dava apenas em encontros
casuais em eventos sociais e que nunca conversou com o empresário no
que diz respeito ao seu cargo no governo.
Nos diálogos por
telefone captados pela PF, no dia 22 de fevereiro de 2011, Gleyb
Ferreira, um dos mais próximos auxiliares de Cachoeira, e Geovani
Pereira da Silva, contador do grupo, discutem o aluguel de um imóvel
para um procurador chamado Ronald. Gleib diz que está em Brasília com
Cachoeira e pede para o colega resolver um problema referente à
negociação.
“Cadê o Deca (André
Teixeira Jorge, apontado como laranja do esquema de Cachoeira), Geovani?
Qual é que é o número que eu consigo falar com ele? Tá sem rádio. Tem
um procurador que (ininteligível) não tem nada cadastrado. Tô aqui em
Brasília com o Carlinho”, diz Gleyb. Geovani não entende o assunto e
pergunta do que se trata.
“Num prédio lá. Não tem
nada. Eu não sei se é prédio, se é condomínio, o que é”, responde Gleib,
que, após Geovani reafirmar que não está ciente do assunto, reforça:
“Não, sabe o do Ronald, lá do...a da casa que tá alugando pra ele? Não
tem...eles não tão (sic)...não deixaram ele entrar pela portaria. Na
administração não tem nada dele em lugar nenhum.”
No dia 20 de julho do
ano passado, Cachoeira conversa com Gleyb sobre precatórios do
“sindicato dos policiais” (a PF não especifica no inquérito qual
sindicato). Cachoeira responde que se encontrará com Bicca no mesmo dia
para tratar do assunto. Dois dias depois, Gleyb volta a perguntar a
Cachoeira sobre os precatórios e o chefe diz que brigou com Bicca, mas
ressalta em seguida que está prestes a fazer as pazes.
O procurador diz
desconhecer os diálogos e afirmou à reportagem que nunca conversou com
Cachoeira sobre precatórios ou qualquer outro assunto referente ao
governo. “O Cachoeira é uma pessoa conhecida na sociedade goiana, sempre
circulou muito e conversava com todo mundo, inclusive comigo. Nunca vi
ele ser recusado em nenhuma mesa. Mas não o recebi na PGE e ele nunca me
pediu nada”, afirma o procurador. “Mas, na minha função, eu contemplo e
contrario interesses diariamente. Muitas pessoas citam meu nome em
conversas”, alega.
Bicca admite também ter
relação próxima com o senador Demóstenes Torres (sem partido), apontado
pela PF como um dos mais próximos aliados de Cachoeira. “Mas minha
relação com Demóstenes sempre foi muito boa, ele é um dos senadores mais
destacados do País e nossos diálogos sempre aconteceram de forma
republicana”. (Bruno Rocha Lima)
*Mariadapenhaneles
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