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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, abril 13, 2012

Caem como dominó: Citado por Cachoeira, procurador-geral do Estado pede exoneração do cargo


Caem como dominó: Citado por Cachoeira, procurador-geral do Estado pede exoneração do cargo

Ronald

O procurador-geral do Estado, Ronald Bicca, solicitou nesta sexta-feira (13) exoneração do cargo. A justificativa para o pedido de licença seria a realização de um curso no exterior. O governador Marconi Perillo atendeu à solicitação e designará como procurador-geral interino o atual procurador-geral adjunto, Alexandre Tocantins.
Citado em conversas
O procurador-geral do Estado, Ronald Bicca, também aparece nas investigações da Polícia Federal como uma das autoridades do governo estadual que teriam ligação com o empresário Carlos Cachoeira, preso pela Polícia Federal no dia 29 de fevereiro sob acusação de comandar uma quadrilha que explorava jogos ilegais e que teria se infiltrado no aparato estatal para assegurar os negócios.
Bicca é citado por Cachoeira e por alguns membros da suposta organização criminosa em diálogos transcritos pela PF. À reportagem, o procurador admitiu conhecer Cachoeira, mas alegou que a relação se dava apenas em encontros casuais em eventos sociais e que nunca conversou com o empresário no que diz respeito ao seu cargo no governo.
Nos diálogos por telefone captados pela PF, no dia 22 de fevereiro de 2011, Gleyb Ferreira, um dos mais próximos auxiliares de Cachoeira, e Geovani Pereira da Silva, contador do grupo, discutem o aluguel de um imóvel para um procurador chamado Ronald. Gleib diz que está em Brasília com Cachoeira e pede para o colega resolver um problema referente à negociação.
“Cadê o Deca (André Teixeira Jorge, apontado como laranja do esquema de Cachoeira), Geovani? Qual é que é o número que eu consigo falar com ele? Tá sem rádio. Tem um procurador que (ininteligível) não tem nada cadastrado. Tô aqui em Brasília com o Carlinho”, diz Gleyb. Geovani não entende o assunto e pergunta do que se trata.
“Num prédio lá. Não tem nada. Eu não sei se é prédio, se é condomínio, o que é”, responde Gleib, que, após Geovani reafirmar que não está ciente do assunto, reforça: “Não, sabe o do Ronald, lá do...a da casa que tá alugando pra ele? Não tem...eles não tão (sic)...não deixaram ele entrar pela portaria. Na administração não tem nada dele em lugar nenhum.”
No dia 20 de julho do ano passado, Cachoeira conversa com Gleyb sobre precatórios do “sindicato dos policiais” (a PF não especifica no inquérito qual sindicato). Cachoeira responde que se encontrará com Bicca no mesmo dia para tratar do assunto. Dois dias depois, Gleyb volta a perguntar a Cachoeira sobre os precatórios e o chefe diz que brigou com Bicca, mas ressalta em seguida que está prestes a fazer as pazes.
O procurador diz desconhecer os diálogos e afirmou à reportagem que nunca conversou com Cachoeira sobre precatórios ou qualquer outro assunto referente ao governo. “O Cachoeira é uma pessoa conhecida na sociedade goiana, sempre circulou muito e conversava com todo mundo, inclusive comigo. Nunca vi ele ser recusado em nenhuma mesa. Mas não o recebi na PGE e ele nunca me pediu nada”, afirma o procurador. “Mas, na minha função, eu contemplo e contrario interesses diariamente. Muitas pessoas citam meu nome em conversas”, alega.
Bicca admite também ter relação próxima com o senador Demóstenes Torres (sem partido), apontado pela PF como um dos mais próximos aliados de Cachoeira. “Mas minha relação com Demóstenes sempre foi muito boa, ele é um dos senadores mais destacados do País e nossos diálogos sempre aconteceram de forma republicana”. (Bruno Rocha Lima)
*Mariadapenhaneles

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