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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, abril 18, 2012

Crédito bomba no BB e bancos privados cedem

A notícia, hoje, que Bradesco e Itaú seguiram os passos do HSBC e decretaram um rebaixamento geral dos juros cobrados de pessoas físicas e jurídicas mostra o quanto foi bem sucedida a decisão do governo de obrigar a queda dos juros usando os bancos públicos como ferramenta.
Depois de tentar fazer chantagem com o Governo e obter isenção dos já pouquíssimos impostos que pagam, os bancos privados saíram de orelhas murchas.
Passaram uma semana vendo seus potenciais clientes e clientes migrarem para o Banco do Brasil e para a Caixa, que baixaram os juros.
Agora, esqueceram todos os sofisticados cálculos com que justificavam a política extorsionista que praticavam e seguiram a mais básica lei de mercado: a de sobreviver à concorrência.
Porque estavam perdendo negócios e clientes a rodo.
O BB aumentou em 45% o volume de recursos emprestados, na média dos últimos seis dias, no crédito pessoal. Algumas linhas tiveram aumento, na média, superior a 100%.Na média, porque comparando o dia de ontem com o dia antes da baixa de juros, em algumas linhas o valor dos desembolsos quintuplicou, segundo revelou hoje a comentarista  Mara Luquet, da CBN.
A Caixa também registrou aumento expressivo nos primeiros dias, não só para pessoas físicas, mas para capital de giro para pequenas e médias empresas: a média diária de contratações saiu de R$ 5,3 milhões na primeira semana de abril para R$ 39,2 milhões e já foram contratados R$ 196 milhões na linha de crédito Giro Caixa Fácil para as Micro e Pequenas Empresas, uma evolução de 891% em relação ao mesmo período de março.
O número de abertura de novas contas no BB, segundo ela, dobrou . O que dá para imaginar o que isso doeu na banca.
Aliás, no comentário, é comovente o esforço do apresentador Carlos Alberto Sardemberg em defender os bancos privados.
“Vai cair a rentabilidade”, diz ele. E Mara Luquet responde: “é, mas vai subir o volume”.
E, no final, o que realmente dói na turma do “Brasil da Roda Presa”: “a economia vai ter um aquecimento”.
Que pena, não é?
*Tijolaço

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