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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, abril 17, 2012

Dono de jornal é acusado de ter mandado matar Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André

Ronan Maria Pinto (foto), diretor-presidente do jornal Diário do Grande ABC, foi chamado de “bandido” e “matador” pelo advogado Calixto Antônio Júnior. O empresário nega envolvimento e afirma que irá à Justiça.

Anderson Scardoelli, via Comunique-se

Na última semana, o advogado Calixto Antônio Júnior acusou o diretor-presidente do Diário do Grande ABC, Ronan Maria Pinto, de ter envolvimento com o assassinato de Celso Daniel, então prefeito de Santo André (SP), em 2002. Segundo o advogado, o empresário mandou matar o político que era filiado ao PT.

A declaração de Antônio Júnior contra o proprietário do Diário do Grande ABC foi feita durante seu depoimento à CPI da Câmara de Santo André que apura supostas irregularidades cometidas no Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa). Apesar do tema discutido pelos vereadores, o advogado continuou a criticar Ronan Maria.

Além de relacioná-lo com a morte de Celso Daniel, o advogado afirmou que o executivo extorquiu prefeitos do ABC paulista, região composta por Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. “Bandido” e “matador” foram alguns termos usados por Antônio Júnior para definir o dono de jornal.

Em matéria assinada por Fábio Martins, o Diário do Grande ABC ressalta que Ronan Maria não é réu no processo que investiga a morte de Celso Daniel. À reportagem de seu próprio jornal, o empresário informou que vai resolver a questão judicialmente. “Minha assessoria jurídica irá acioná-lo na Justiça”, disse sobre as acusações do advogado.

Ronan Maria também disse que a equipe da publicação que comanda tem sofrido ameaças por parte de Antônio Júnior. O empresário de comunicação afirma que o advogado não aceitou as reportagens publicadas no Diário do Grande ABC. “O jornal não irá recuar por conta de intimidações. O interesse do leitor será respeitado.”

Nota do Limpinho: Segundo informações que circulam na região do ABC, Ronan é dono de seis empresas de ônibus e começou trabalhando para Constantino de Oliveira, a empresa aérea Gol. Ele montou um império. Ronan era alvo do Diário do Grande ABC após a morte do Celso Daniel. Então, ele foi lá e comprou o jornal. Assim, ele descobriu que mais legal do que evitar que o jornal falasse dele, ele ainda poderia usar o jornal para seus interesses.

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