Espanha: não foi desta vez que a maconha virou commoditie
Via RedeBrasilAtual
Europa: saídas criativas e/ou suicidas para a crise...
Espanha questiona se plantar Cannabis pode ser "salvação da lavoura" para a crise financeira (CC/M. Martin Vicente/Flickr)
E la nave va. Ou melhor, não vai: fica.
Depois de um breve intermezzo
graças ao trilhão de euros que o Banco Central Europeu injetou no
sistema bancário e financeiro do continente, a crise bateu às portas de
novo, se é que saiu um dia. As letras espanholas estão custando bem mais
caro do que antes para serem renovadas (6% para letras de dez anos,
sendo que 7% é considerado o limite vermelho). Na Itália cresce a
oposição ao plano de "austeridade" de Mario Monti enquanto sua margem de
manobra diminui. Greves sacodem Portugal, Grécia, Espanha, França e
arredores – neste último país as chances de Nicolas Sarkozy vencer a
eleição permanecem remotas, enquanto na Grécia se anunciam eleições para
maio com um resultado incerto.
Nos últimos dias
um frenesi de vendas se abateu sobre as bolsas européias, todos
tentando se desfazer das letras espanholas e italianas, por acreditarem
que um "bailout" – a ajuda financeira que sufoca as economias – será
inevitável, sendo uma questão de tempo.
O
governo de Mariano Rajoy anuncia medidas que aprofundarão a recessão,
num país que já tem 24% de desemprego entre a população economicamente
ativa e quase 50% entre os jovens até 25 anos. É a saída suicida em
operação. Um dado preocupante: na França, a candidata Marine Le Pen, de
extrema direita, lidera entre os jovens de 18 a 24 anos.
Mas
a criatividade humana não tem limites. Na Espanha, o prefeito da cidade
catalã de Rasquera, com 900 habitantes, propôs utilizar as terras do
município para o plantio de cannabis, a popular maconha, ao
lado das tradicionais azeitonas e da criação de cabras. O plano é
ambicioso: produziria 40 novos postos de trabalho e renderia aos cofres
municipais a bagatela de 1,3 milhão de euros em 2 anos. A dívida
municipal seria simplesmente zerada nesse período, permitindo novos
investimentos.
Entretanto o plano ainda não
vingou. Realizou-se um plebiscito, e o prefeito declarou que só o
levaria adiante com 75% de aprovação. Deram 56% de "sim" ao ousado
plano. Criou-se um impasse: o plano foi aprovado, mas não obteve o
desejado "quorum". O prefeito vai repensar. Enquanto isso, as
autoridades catalãs, judiciárias e a polícia se mobilizaram contra o
plano, alegando sua ilegalidade. Ocorre que na Espanha não é ilegal
plantar cannabis para consumo privado, mesmo coletivo. Entretanto o que
assusta no caso do plano de Rasquera é seu tamanho, inédito na história
do país – pelo menos em se tratando de plantios legais.
Outra saída "criativa" – mas que desta vez beira também o suicídio – foi anunciada na Grécia, pelo jornal Proto Thema.
Diz o jornal que o governo grego passará a "alugar" serviços e recursos
de sua polícia, como meio de obter verbas de manutenção e investimento,
para empresas e pessoas físicas privadas. Um helicóptero custará 1.500
euros a hora, enquanto uma lancha de patrulha valerá 200 (e a Grécia tem
uma infinidade de ilhas tradicionalmente repletas de turistas). Um
policial custará 30 euros a hora; 40, se com ele for um carro.
Não
se sabe ainda a dimensão da proposta. O pior dela, em todo caso, é que
ela pode pegar –inclusive em nossa terra – onde não faltarão privatistas
que a defendam.
Dilma: “Obama não tem que responder. Isso não é uma pergunta”
Sanguessugado do Rovai
Hoje,
a presidente Dilma deu mais uma demonstração da diferença entre aquele
governo brasileiro que falava grosso com a Bolívia e fino com os EUA. E o
que assumiu em 2003 e que do ponto de vista diplomático respeita a
soberania dos países.
Na coletiva sobre a
conversa que tivera com o presidente dos EUA, afirmava que teria dito o
seguinte a Obama sobre a Cúpula das Américas:
—
O que houve foi a constatação de que todos os países (da América
Latina) têm relação com Cuba e, portanto, esta é a ultima cúpula em que
ela não participaria. Esta é a posição unânime (na região).
Claro
que nossa sempre tão subserviente mídia não contente com a explicação
quis saber qual tinha sido a resposta de Obama. E a presidenta teve que
desenhar:
— “Ele não tem que responder. Isso não é uma pergunta.”
Antes autoridades brasileiras tiravam o sapato para entrar nos EUA. Hoje, se comportam assim. Convenhamos, algo mudou.
*GilsonSampaio
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