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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, abril 11, 2012

O comportamento sórdido da Chevron

A Chevron é uma grande empresa de petróleo e ninguém duvida que ela tem o know-how e profissionais plenamente capazes de operar poços de petróleo.
O que falta a esta empresa é uma camada dirigente capaz de proceder com ética e responsabilidade no comando de sua equipe técnica.
O comportamento da Chevron é – não há outra palavra -  moralmente desonesto. E, daí, para tornar-se criminoso, é um pulo.
Quando ocorreu o pico de pressão (o kick) que iniciou o processo de vazamento do poço da empresa no campo de Frade, a Chevron disse que  eram “exsudações naturais”, embora soubesse que poucas horas antes tinha ocorrido, ali, juntinho à aparição do óleo, o incidente em seu poço.
Exsudação natural era, para qualquer um que saiba o mínimo de atividade petroleira, pura mentira e este blog afirmou isso na mesma hora.
Agora surgiram novas bolhas de petróleo, a apenas 500 metros do campo de Frade, algums metros além dos limites do campo de Roncador, vizinho, operado pela Petrobras.
A Chevron, que recebeu até equipamento emprestado pela Petrobras na hora do acidente, apressou-se em mandar um e-mail à agênciade notícias Reuters para dizer que esse “novo” óleo não era seu.
Vazamento em campo operado por Petrobras foi achado pela Chevron.
Que maravilha! Os irresponsáveis procurando dar lições de responsabilidade à Petrobras, que tem milhares e milhares de vezes mais instalações petroleiras e não registra nenhum acidente de perfuração desta natureza.
A Petrobras, com todo o profissionalismo, recusou-se a fazer ilações ou afirmações sem base técnica sólida.
Aguentou as pancadas de uma mídia que jamais foi capaz de dizer que era óbvio quie o óleo que vazou 500 metros dentro dos limites do campo de Roncador, da petrobras, vinha do de Frade, da Chevron.
Agora, a Petrobras divulgou a análise do óleo recolhido.
É óleo parafinado, usado na perfuração para lubrificar a perfuratriz, formando a parte da coluna que se contrapõe à pressão ascendente do reservatório de petróleo e que, com o kick, foi pressionado contra as fraturas da rocha do poço não revestido, como deveria ser, pela Chevron.
O vazamento é, portanto, originado da perfuração que se realizou naquele trecho do solo marinho. É, portanto, do poço acidentado da Chevron.
Mais um atitude vergonha, irresponsável, desonesta, de uma empresa que só da boca para fora pediu desculpas ao povo brasileiro pelo acidente e continua fazendo da chicana,  dos subterfúgios e da mentira os métodos de tratar algo sério como um vazamento de óleo no mar.
É um comportamento inidôneo e a quem é inidôneo o país não pode conferir o direito de explorar petróleo, sobretudo no mar, pelos riscos e responsabilidades que nisso está implícito.
É sórdido e a sordidez mina qualquer confiança possível na empresa.
*Tijolaço

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