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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, abril 25, 2012

Militantes do movimento Occupy nos EUA fazem ação em solidariedade ao MST


occ
Estados Unidos - MST -
Moradores do município de Albany (Baía de São Francisco, na Califórnia, EUA), agricultores, estudantes, pesquisadores e ativistas ocuparam nesse domingo (22) uma área pública conhecida como Lote Gill, administrada pela Universidade da Califórnia.
A ação batizada de Occupy the Farm (Ocupar a Fazenda), foi realizada no mês de abril em solidariedade à Via Campesina e ao MST, já que nesse período são feitas diversas ações na luta pela terra para relembrar a morte de 21 Sem Terra no município de Eldorado dos Carajás, no Pará. A operação conduzida pela Polícia Militar em 1996 ficou conhecida como o Massacre de Eldorado dos Carajás.
O Lote Gill é um dos últimos remanescentes de 10 hectares de solo agrícola Classe I (ideal para agricultura) na área urbana de Albany, Baía de São Francisco, Califórnia. O Lote Gill é terra pública administrada pela Universidade da Califórnia, que no entanto, está a venda para construtores privados.
Durante décadas, a Universidade da Califórnia tem frustrado as tentativas da comunidade de transformar o local para agricultura urbana sustentável e educação participativa. Com desrespeito deliberado pelo interesse público, os administradores da Universidade planejam pavimentar esse privilegiado solo agrícola para uso comercial de um supermercado, WholeFoods, e um estacionamento.
"Durante dez anos, as pessoas de Albany tentaram transformar o Lote Gill em uma Fazenda Urbana e um espaço mais aberto para a comunidade. As pessoas na área da Baía merecem usar este tesouro da terra para agricultura urbana que possa ajudar a proteger o futuro da nossas crianças ", explica Jackie Hermes-Fletcher, uma moradora de Albany e professora de escola pública por 38 anos.
Ocupar a Fazenda procura resolver os problemas estruturais de saúde e desigualdade na Califórnia que decorrem da falta de acesso a alimentos e à terra. A ação de hoje recupera o Lote Gill para demonstrar e exercer o direito dos povos a utilizar o espaço público para o bem público. Esta fazenda irá servir como núcleo para agricultura urbana, uma fonte de alimento saudável e acessível para os residentes da área e um centro educacional.
"Cada pedaço de terra urbana não contaminada precisa ser cultivada para que possamos recuperar o controle sobre a forma como o alimento é cultivado, de onde vem, e para quem vai", diz Anya Kamenskaya, ex-aluna da Universidade da Califórnia e educadora de agricultura urbana. "Nós podemos cultivar espaços subutilizados como estes para criar alternativas para o controle empresarial do nosso sistema alimentar."
A Universidade da Califórnia decidiu privatizar este recurso público singularpara espaço comercial e, ironicamente, uma mercearia de alto-padrão. Este é apenas o último de uma série de esquemas de privatização. Ao longo das últimas décadas, a universidade tem deslocado cada vez mais o uso do Lote Gill da agricultura sustentável para a biotecnologia, com financiamento de empresas como a Novartis e BP.
Frustradas que o diálogo tradicional tem caído em ouvidos surdos, muitos moradores locais, estudantes e professores se uniram como movimento social "OccupytheFarm", Ocupar a Fazenda, para tomar de volta o Lote Gill. Este grupo está trabalhando para capacitar as comunidades para controlar seus próprios sistemas alimentares para um futuro resiliente, estável e justo - um conceito e prática conhecido comosoberania alimentar.
O Lote Gill está localizado entre as cidades de Berkeley e Albany, na intersecção da Avenida San Pablo e Avenida Marin.
A quem está na região, o movimento esta pedindo apoio e solidariedade pessoal:
• Junte-se: Venha vestida para trabalhar! Precisamos de pessoas para ajudar a lavrar a terra, plantar mudas, lecionar oficinas em agricultura urbana, e muito mais.
• Doação / Empréstimo: Precisamos de pás, ancinhos, picaretas, moto-cultivadores, fita de irrigação por gotejamento, luvas, chapéus, alimentos e qualquer outra coisa relacionada a agricultura!
• As doações em dinheiro podem ser enviadas através do nosso site em http://www.takebackthetract.com
A quem está no Brasil, o movimento esta pedindo apoio e solidariedade internacionalista:
•Divulguem informação sobre nossa luta! Precisamos de apoio político em todos os níveis, e quanto maior for a exposição pública de nossa luta, maior serão nossas chances de resistir repressão!
*Gilsonsampaio

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