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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, abril 10, 2012

Militares que comemoraram golpe de 64 farão teste do bafômetro


Militar da reserva pleiteou vaga no time titular: “Já me sinto preparado para distribuir sarrafos nos comunistas bichas”, disse um deles. 
CLUBE MILITAR - O que era para ser uma simples comemoração ganhou ares de piquete subversivo. Acossados por maconheiros, vândalos e comunistas, dezoito militares da reserva desembarcaram da nave de Cocoon, no Centro do Rio de Janeiro, para celebrar o aniversário do golpe de 1964. "Vocês precisam saber a verdade: a revolução de 1964 livrou o país das ONGs, das passeatas gays, do hino nacional cantado pela Fafá de Belém e do Big Brother. Disso a imprensa não fala!", discursou o comandante Ernesto Garrastazu Bolsonaro, enquanto desembainhava um Ato Institucional. "Hoje a Susana Vieira faz o que quer sem censura prévia", vituperou, acomodando um militante do PSOL num pau-de-arara.
Com um megafone na mão, o blogueiro Ronaldinho Azeredo tentava promover a paz, a compreensão e o amor solidário entre os homens de boa vontade e bom saldo bancário: "‎Questões que haviam sido superadas, ou que estavam justamente adormecidas, são reavivadas com paixão cruenta", cantarolou ao som de mantras do Homem de Bem. Perguntado sobre a truculência dos torturadores, as arbitrariedades da censura e o destino ainda desconhecido de inúmeros desaparecidos políticos, Azeredo evocou um grão-mestre: "O AI-5 era só um papelzinho", e completou: "Quanto aos desaparecidos políticos, vocês já procuraram no Facebook, seus preguiçosos?"
Antes de regressarem à nave de Cocoon, todos os militares foram forçados a passar por uma blitz da Lei Seca. "Quem chamar o golpe de 'revolução' vai ter de soprar o bafômetro", explicou um policial comunista, maconheiro e subversivo.
 
No zcarlos do The i-Piauí Herald
*Militânciaviva

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