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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, abril 04, 2012

Primavera Global anuncia manifestação internacional a 12 de Maio

 
O protesto internacional que celebra um ano das acampadas da Praça do Sol em Madrid terá expressão em Portugal. A Primavera Global PT sairá à rua no dia 12 de Maio de 2012 e terá um programa de ação global durante todo o mês de Maio.
 
A organização portuguesa anunciou que dia 12 de Maio - 12M - sairá às ruas para participar no dia de protesto global.
A organização portuguesa anunciou que dia 12 de Maio - 12M - sairá às ruas para participar no dia de protesto global.
Esta segunda-feira, no Chiado, em Lisboa, foi apresentada a plataforma portuguesa da Primavera Global [Global Spring], uma iniciativa internacional que se reclama do aniversário das acampadas da Praça do Sol em Madrid e também das grandes mobilizações que ganharam expressão ao longo do ano de 2011, como o 12 de Março em Portugal, a Primavera árabe, o movimento dos Indignados, o [Ocupa] Occupy Wall Street, o 15 de Outubro.
A organização portuguesa anunciou que dia 12 de Maio - 12M - sairá às ruas para participar no dia de protesto global para “reinventar a democracia” e “inspirados em valores como a participação, partilha, transparência, justiça social e a proteção ambiental”.
Também noutros pontos do país serão dinamizados fóruns associados à Primavera Global, como no Porto, em Coimbra, Leiria e Santarém - “A Primavera está mesmo a chegar”, afirmam no comunicado enviado à imprensa.
O que propõem é a multiplicação de iniciativas durante o mês de Maio, nascidas nas ruas, nas praças, nos locais de trabalho, nos bairros, para fazer de Maio “um mês em que as Ideias Saem À Rua”. Procuram “a construção de uma sociedade alternativa e a promissora capacidade de mudança em cada um de nós” e por isso contestam a a crise económica, a precariedade da vida e a destruição do planeta que ameaçam o futuro da humanidade. São fenómenos globais, dizem, e que exigem respostas globais.
A Primavera Global PT é uma rede composta por cidadãos, ativistas, coletivos e movimentos sociais que agem descentralizados e autonomamente mas “convergentes” em vários pontos do país onde “o apelo de indignação e mudança se faça sentir”.
A Primavera Global PT pretende “dar voz e visibilidade” a todas as iniciativas e propostas de mudança e combate que tornem Maio um mês de referência na organização da resposta social à austeridade.
A próxima reunião aberta da Primavera Global realizar-se-á no dia 14 de Abril, pelas 10H, na Fábrica de Braço de Prata, em Lisboa.
*Cappacete

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