Rússia alerta sobre ataque dos EUA ao Irã
Sanguessugado do redecastorphoto
*MK Bhadrakumar, Indian Punchline
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
“Obama opõe-se frontalmente à linha de ação aprovada na reunião de Istambul, de a Arábia Saudita armar os “rebeldes” sírios”. [1]
Entreouvido na Vila Vudu: Taí... Obama parece estar contra a Hilária e o Pentágono e a Arábia Saudita (e também contra o Kissinger [2], que
tá velho, mas ainda morde, e Israel) e com eleições pela frente. A vida
não tá fácil, nem pros liberais de Harvard, nos EUA... Parece que há
muito mais coisas em jogo, nas eleições dos EUA, do que faz crer o
miserável jornalismo brasileiro e os tais tolos “analistas” à moda do
William Waack...
O presidente da Comissão de Assuntos Internacionais da Duma
(Parlamento) russa, Alexey Pushkov alertou que o deslocamento do
sistema de mísseis de defesa dos EUA no Golfo Persa é sinal de que pode
estar em preparação um ataque militar ao Irã [3]. Peshkov é político influente, próximo do Kremlin, com acesso à inteligência russa; o que diz, portanto, merece atenção.
De fato, houve outros alertas desse tipo, no nível do establishment
militar e de segurança em Moscou. O comandante geral do exército russo,
general Nikolay Makarov, disse recentemente que, em sua avaliação, é
possível um ataque militar dos EUA ainda nesse verão. “O Irã é ponto
nevrálgico (para os EUA). Acho que tomarão alguma decisão no verão”.
O
alerta de Pushkov faz sentido, dado que o sistema de mísseis
antibalísticos visa a neutralizar a capacidade do Irã para retaliar [4]
. Pushkov associou seu comentário à decisão, dos alemães, de vender
seis submarinos classe Dolphin a Israel, que descreveu como abominável,
porque amplia a capacidade de Israel montar ataque pelo mar.
Fato
é que alguma coisa parece, sim, estar em preparação. Pequim, na
6ª-feira, lançou sua mais forte declaração, até agora, contra qualquer
ataque militar ao Irã [5].
E
não há dúvidas de que a retórica dos EUA para o Irã assumiu outra vez
tons muito ameaçadores. Em visita a Riad, no sábado, para acertar os
últimos detalhes do deslocamento dos mísseis antibalísticos e no caminho
para a reunião dos “Amigos da Síria” em Istambul no domingo, a
secretária de Estado Hillary Clinton subiu ainda mais o tom da retórica
de agressão (ou provocação).
Na volta a Washington, avisou que Teerã não force os limites da paciência dos EUA [6].
O EUA voltaram a falar grosso, culpando o Irã por suas agruras no
Afeganistão – questão que ecoa na opinião doméstica, nos EUA. E tudo
isso, só na última semana.
A retórica mudou sem
qualquer razão visível, e destoa da trilha política prevista para as
conversações do grupo “P5+1”, marcadas para 13 de abril. O tom de
Clinton tornou-se cada vez mais ameaçador [7], o que só pode ter efeito de provocação, em Teerã.
Estarão
os EUA lançando campanha de “guerra psicológica”, pensando em amolecer a
posição do Irã, com vistas às conversações do “P5+1”? Ou, então, será
que o governo Obama concluiu que nada sairá, mesmo, daquelas conversas?
Outra vez, será que Obama está desistindo, pressionado pelas exigências
de ano eleitoral, no plano interno? Ou será que está em posição de nada
poder negar à Arábia Saudita – já furiosa com o que chama de ‘falta de
espinha dorsal’ de Obama, e ele já desistiu de Síria e Irã?
Talvez,
e pode ser a explicação mãe de todas as explicações, Obama quer apenas
que os sauditas não parem de bombear petróleo extra, para manter baixos
os preços do combustível até as eleições, para impedir que os
consumidores respondam à carestia, nas urnas; e, assim sendo, Obama
teria de fazer um favor aos sauditas? É a explicação de Donald Trump –
sempre bem informado quando se trata de dinheiro [8].
Não
há, no momento, resposta fácil para essas perguntas. Fato é que o
caminho da paz é arriscado para Obama, porque, para ser bem-sucedido nas
negociações, é preciso que os EUA sejam flexíveis, assim como se espera
que Teerã faça concessões. Enquanto isso, resta pouco espaço de manobra
para Obama. E, por outro lado, a atitude politicamente mais segura para
ele será mostrar-se “super falcão”, em relação ao Irã.
O mais recente vazamento pelos jornais, sobre a “abertura” de Obama para ao Irã [9]
visa, provavelmente, a abrir caminho para que, adiante, Obama diga que
estava preparado para avançar nas negociações com o Irã, mas a teimosia e
a intransigência de Teerã frustrou sua luta pela paz. Por essa via, não
é difícil forçar um pouco mais o argumento, e justificar um eventual
ataque militar.
Os EUA obviamente estão
investindo todas as esperanças na ideia de que o Irã receberá sem reagir
os golpes de EUA-Israel. Nada menos garantido. Claro que os EUA têm
vasta superioridade sobre o Irã. Um show de “choque e pavor” pela
tela da rede CNN impressionará o público norte-americano, que verá que,
sim, o comandante-em-chefe é homem durão. E talvez também consiga
melhorar o humor dos xeiques das monarquias do Golfo. Mas... e depois?
Dentre as respostas “assimétricas” do Irã, com certeza o país se
retirará do Tratado de Não Proliferação Nuclear. Depois disso, que
opções restarão a Obama? [10] Bombardear o Irã a cada seis meses?
Notas dos tradutores
[1]3/4/2012, Gilbert Achcar, redecastorphoto em: “EUA temem que a queda de Assad implique dificuldades ainda maiores para eles e para Israel”.
[2] 7/4/2012, redecastorphoto em: Pepe Escobar, “Queremos guerra e tem de ser já!” .
[3] 6/4/2012, Russia Today, em: “US missile defense plans may signal strike on Iran, Russia warns”.
[4] 31/3/2012, Washington Post, Karen DeYoung em: “Clinton meets with Gulf nations over missile defense”.
[5] 6/4/2012, Haaretz, em: “China ups the pressure to prevent a strike on Iran's nuclear facilities”.
[6] 4/4/2012, Fox News, em: “Clinton Warns Diplomacy Timeline Not ‘Infinite’ for Iran”.
[7] 5/3/2012, First Post, em: “All options open to prevent Iran from going nuclear: Clinton”.
[8] 6/4/2012, Money News, em: “Trump: Obama Has Deal With Saudis to Cut Oil Prices Before Election”.
[9] 6/4/2012, Washington Post, David Ignatius em: “Obama’s signal to Iran”.
[10] 5/4/2012, Global News, Charles Gray em: “Iran war would be quick victory, long defeat”.
*MK Bhadrakumar foi
diplomata de carreira do Serviço Exterior da Índia. Prestou serviços na
União Soviética, Coreia do Sul, Sri Lanka, Alemanha, Afeganistão,
Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista em questões do
Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de energia e segurança
para várias publicações, dentre as quais The Hindu, Asia Online e Indian Punchline. É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso escritor, jornalista, tradutor e militante de Kerala.
A guerra dos EUA-Israel ao Irão: O mito de uma campanha limitada
Via Resistir.info
James Petras
A
crescente ameaça de um ataque militar dos EUA-Israel ao Irão baseia-se
em vários factores incluindo: (1) a história militar recente de ambos os
países na região; (2) pronunciamentos públicos de líderes políticos
estado-unidenses e israelenses; (3) ataques recentes e em curso ao
Líbano e à Síria, aliados importantes do Irão; (4) ataques armados e
assassínios de cientistas e responsáveis de segurança iranianos por
grupos terroristas e/ou afectos sob controle dos EUA ou da Mossad; (5) o
fracasso das sanções económicas e da coacção diplomática; (6) escalada
de histeria e exigências extremas ao Irão para por fim ao enriquecimento
de urânio de uso legal e civil; (7) "exercícios" militares
provocatórios nas fronteiras do Irão e jogos de guerra destinados a
intimidar e a um ensaio geral para um ataque antecipativo; (8) pressão
poderosa de grupos pró guerra tanto em Washington como em Tel Aviv
incluindo os principais partidos políticos israelenses e a poderosa
AIPAC nos EUA; (9) e finalmente o National Defense Authorization Act de
2012 (um orwelliano decreto de emergência de Obama, de 16/Março/2012).
A
propaganda de guerra estado-unidense opera ao longo de dois trilhos:
(1) a mensagem dominante enfatiza a proximidade da guerra e a disposição
dos EUA de utilizarem força e violência. Esta mensagem é destinada ao
Irão e coincide com anúncios israelenses de preparativos de guerra. (2) O
segundo trilho tem como objectivo o "público liberal" com um punhado de
"académicos reconhecidos" marginais (ou progressistas Departamento de
Estado) a subestimarem a ameaça de guerra e argumentarem que decisores
políticos razoáveis em Tel Aviv e Washington estão conscientes de que o
Irão não possui armas nucleares ou qualquer capacidade para produzi-las
agora ou no futuro próximo. A finalidade deste contra-vapor liberal é
confundir e minar a maioria da opinião pública, a qual opõe-se
claramente a mais preparativos de guerra, e fazer descarrilar o
explosivo movimento anti-guerra.
É
desnecessário dizer que os pronunciamentos os instigadores de guerra
"racionais" utilizam um "duplo discurso" baseado no afastamento
displicente de todas as evidências históricas e empíricas em contrário.
Quando os EUA e Israel falam de guerra, preparam-se para a guerra e
empenham-se e provocações pré guerra – eles pretendem ir à guerra – tal
como fizeram contra o Iraque em 2003. Sob as actuais condições políticas
e militares internacionais um ataque ao Irão, inicialmente por Israel
com apoio dos EUA, é extremamente provável, mesmo quando as condições
económicas mundiais deveriam ditar em contrário e mesmo quando as
consequências estratégicas negativas provavelmente repercutir-se-ão
através do mundo durante as próximas décadas.
Cálculo dos EUA e Israel sobre a capacidade militar do Irão
Os
decisores estratégicos americanos e israelenses não concordam sobre as
consequências da retaliação do Irão contra um ataque. Pelo seu lado,
líderes israelenses minimizam a capacidade militar do Irão de atacar e
de prejudicar o estado judeu, o qual é a sua única consideração. Eles
contam com a distância, seu escudo anti-mísseis e a protecção de forças
aéreas e navais dos EUA no Golfo para cobrir seu ataque sorrateiro. Por
outro lado, estrategas militares dos EUA sabem que os iranianos são
capazes de infligir baixas substanciais a navios de guerra dos EUA, os
quais teriam de atacar instalações costeiras iranianas a fim de apoiar
ou proteger os israelenses.
A inteligência
israelense é bem conhecida pela sua capacidade para organizar o
assassinato de indivíduos por todo o mundo: a Mossada organizou com
êxito actos terroristas além-mar contra líderes palestinos, sírios e
libaneses. Por outro lado, a inteligência israelense tem um registo
muito fraco quanto às suas estimativas de grandes empreendimentos
militares e políticos. Eles subestimaram gravemente o apoio popular, a
força militar e a capacidade organizacional do Hezbollah durante a
guerra de 2006 no Líbano. Da mesma forma, a inteligência israelense
entendeu mal a força e a capacidade do movimento democrático popular
egípcio quando este se levantou e derrubou o aliado regional estratégico
de Tel Aviv, a ditadura Mubarak. Se bem que líderes israelenses "finjam
paranóia" – lançando clichés acerca de "ameaças existenciais" – eles
são enganados pela sua arrogância narcisista e o seu racismo,
subestimando reiteradamente a perícia técnica e o refinamento político
dos seus inimigos árabes e da região islâmica. Isto é indubitavelmente
verdadeiro no seu descartar displicente da capacidade do Irão para
retaliar contra um planeado assalto aéreo israelense.
O
governo estado-unidense agora comprometeu-se abertamente a apoiar um
assalto israelense ao Irão quando ele for lançado. Mais especificamente,
Washington afirma que virá "incondicionalmente" em defesa de Israel se
este for "atacado". Como pode Israel evitar ser "atacado" quando seus
aviões estão a despejar bombas e mísseis sobre instalações iranianas,
defesas militares e infraestruturas estratégicas? Além disso, dada a
colaboração e aos sistemas de inteligência do Pentágono coordenados com
as Forças de Defesa de Israel (IDF), seu papel na identificação de
objectivos, rotas e aproximações de mísseis, bem como as cadeias de
fornecimento de armas integradas e de munições, serão críticos para um
ataque das IDF. Não há maneira de os EUA se dissociarem da guerra do
estado judeu ao Irão depois de iniciado o ataque.
Os mitos da "guerra limitada": Geografia
Washington
e Tel Aviv afirmam e parecem acreditar que o seu planeado assalto ao
Irão será uma "guerra limitada", tendo como alvo objectivos limitados e
perdurando apenas uns poucos dias ou semanas – sem consequências graves.
Dizem-nos que brilhantes generais de Israel
identificaram todas as instalações de investigação nuclear críticas, as
quais os seus ataques aéreos cirúrgicos eliminarão sem danos colaterais
horríveis para a população circundante. Uma vez que o alegado programa
de "armas nucleares" fosse destruído, todos os israelenses poderiam
retomar as suas vidas em segurança plena sabendo que outra ameaça
"existencial" fora eliminada. A noção israelense de uma guerra limitada
em "tempo e espaço" é absurda e perigosa – e caracteriza a arrogância,
estupidez e racismo dos seus autores.
Para se
aproximarem das instalações nucleares do Irão as forças israelenses e
estado-unidenses confrontar-se-ão com bases bem equipadas e defendidas,
instalações de mísseis, defesas marítimas e fortificações em grande
escala dirigidas pelos Guardas Revolucionários e pelas Forças Armadas do
Irão. Além disso, os sistemas de defesa de mísseis que protegem as
instalações nucleares estão ligados a auto-estradas, aeródromos, portos e
apoiadas por infraestrutura de finalidade dupla (civil-militar), as
quais incluem refinarias de petróleo e uma enorme rede de gabinetes
administrativos. Por "nocaute" os alegados sítios nucleares exigirá a
expansão do âmbito geográfico da guerra. A capacidade
científica-tecnológica do programa nuclear civil iraniano envolve um
vasto conjunto das suas instalações de investigação, incluindo
universidades, laboratórios, locais de fabricação e centros de
concepção. Destruir o programa nuclear civil do Irão exigiria que Israel
(e portanto os EUA) atacassem muito mais do que instalações de
investigação ou laboratórios ocultos sob uma montanha remota. Exigiria
assaltos múltiplos e generalizados sobre alvos por todo o país, por
outras palavras, uma guerra generalizada.
O
líder supremo do Irão, ayatollah Ali Khamenei, declarou que o Irão
retaliará com uma guerra equivalente. O Irão corresponderá à amplitude e
âmbito de com um contra-ataque de resposta. "Nós os atacaremos no mesmo
nível quando eles nos atacarem". Isso significa que o Irão não limitará
a sua retaliação a meramente tentar deitar abaixo bombardeiros
estado-unidenses e israelenses no seu espaço aéreo ou a lançar mísseis a
navios dos EUA nas suas águas mas levará a guerra a alvos equivalente
em Israel e em países ocupados pelos EUA no Golfo e em torno dele. A
"guerra limitada" de Israel tornar-se-á uma guerra generalizada que se
estenderá por todo o Médio Oriente e ainda mais além.
A
actual adoração ilusória de Israel acerca do seu elaborado sistema de
defesa míssil ficará exposta quando centenas de mísseis de alto poder
forem lançados de Teerão, do Sul do Líbano e bem além das Alturas de
Golan.
O mito da guerra limitada: Intervalo de tempo
Peritos
militares israelenses esperam confiantemente exterminar seus alvos
iranianos nuns poucos dias – alguns podem pensar que num simples fim de
semana – e talvez sem a perda de nem um único piloto. Eles esperam que o
estado judeu venha a celebrar a sua brilhante vitória nas ruas de Tel
Aviv e Washington. Estão iludidos pelo seu próprio senso de
superioridade. O Irão não combateu uma guerra brutal com uma década de
duração contra os invasores iraquianos abastecidos pelos EUA e os seus
conselheiros militares ocidentais/israelenses só para entregar-se e
submeter-se passivamente a um número limitado de ataques aéreos e com
mísseis por parte de Israel. O Irão é uma sociedade jovem, bem educada e
mobilizada, a qual pode utilizar milhões de reservistas de todo
espectro político, étnico, de género e religioso, galvanizado em apoio a
sua nação sob ataque. Numa guerra para defender a pátria todas as
diferenças internas desaparecem para enfrentar o ataque não provocado
israelenses-estado-unidense que ameaça toda a sua civilização – seus
5000 anos de cultura e tradições, bem como os seus avanços científicos
modernos e instituições. A primeira onda de ataques dos EUA-Israel
levará a uma retaliação feroz, a qual não será confinada às áreas
originais do conflito, nem qualquer acto da agressão israelense acabará
quando e se instalações nucleares do Irão forem destruídas e alguns dos
seus cientistas, técnicos e trabalhadores qualificados forem mortos. A
guerra continuará no tempo e em extensão geográfica.
Múltiplos pontos de conflito
Assim
como qualquer ataque dos EUA-Israel ao Irão envolveria alvos múltiplos,
os militares iranianos também terão uma pletora de alvos estratégicos
facilmente acessíveis. Embora seja difícil prever onde e como o Irão
retaliará, uma coisa está clara: O ataque inicial dos EUA-Israel não
ficará sem resposta.
Dada a supremacia
israelense-estado-unidense a longas e médias distâncias e em poder
aéreo, o Irão provavelmente confiará em objectivos de curta distância.
Isto incluiria as valiosas instalações militares do EUA e rotas de
abastecimento em terrenos adjacentes (Iraque, Kuwait e Afeganistão) e
alvos israelenses com mísseis lançados do Sul do Líbano e possivelmente
da Síria. Se uns poucos misseis de longo alcance escaparem ao muito
gabado "escudo anti-míssil" do estado judeu, centros populacionais
israelenses podem pagar um preço pesado pela imprudência e arrogância
dos seus líderes.
O contra-ataque iraniano
levará a uma escalada das forças EUA-Israel, estendendo e aprofundando a
sua guerra aérea e naval a todos o sistema de segurança nacional
iraniano – bases militares, portos, sistemas de comunicação, postos de
comando e centros administrativos do governo – muitos em cidades
densamente povoadas. O Irão reagirá lançando o seu maior activo
estratégico: um ataque coordenado no solo envolvendo os Guardas
Revolucionários, juntamente com seus aliados entre as tropas xiitas
iraquianas, contra forças dos EUA no Iraque. Ele coordenará ataques
contra instalações dos EUA no Afeganistão e Paquistão com a crescente
resistência armada nacionalista-islâmica.
O
conflito inicial, centrado nos chamados objectivos militares
estratégicos (instalações de investigação científica), generalizar-se-á
rapidamente a alvos económicos ou o que os estrategas militares dos EUA e
Israel chamam de alvos "duais civis-militares". Isto incluiria campos
de petróleo, auto-estradas, fábricas, redes de comunicações, estações de
televisão, instalações de tratamento de água, reservatórios, centrais
eléctricas e gabinetes administrativos, tais como o Ministério da Defesa
e a sede da Guarda Republicana. O Irão, confrontada com a destruição
iminente de toda a sua economia e infraestrutura (o que se verificou no
Iraque vizinho com a invasão não provocada dos EUA em 2003), retaliaria
bloqueando o Estreito de Ormuz e enviando mísseis de curto alcance na
direcção dos principais campos de petróleo e refinarias dos Estados do
Golfo incluindo o Kuwait e a Arábia Saudita, a meros 10 minutos de
distância, paralisando o fluxo de petróleo para a Europa, Ásia e os
Estados Unidos e mergulhando a economia mundial numa depressão profunda.
Não se deveria esquecer que os iranianos
provavelmente estão mais conscientes do que ninguém na região da
devastação total sofrida pelos iraquianos após a invasão dos EUA, a qual
mergulhou aquela nação no caos total e devastou a sua infraestrutura
avançada e o seu aparelho administrativo civil, para não mencionar a
sistemática aniquilação da sua elite científica e técnica altamente
educada. As ondas de assassínios de cientistas iranianos, académicos e
engenheiros promovidas pela Mossad são apenas uma antevisão do que os
israelenses têm em mente para cientistas, intelectuais e trabalhadores
técnicos altamente qualificados. Os iranianos não deveriam ter ilusões
acerca dos americanos e israelenses que procuram lançar o país na
sombria era brutal do Afeganistão e Iraque. Eles não terão mais papel
num Irão devastado do que têm os seus vizinhos no Iraque pós Saddam.
Segundo
o general Mathis, que comanda todas as forças dos EUA no Médio Oriente,
Golfo Pérsico e Sudeste da Ásia, "um primeiro ataque israelense
provavelmente teria consequências calamitosas em toda a região e para os
Estados Unidos ali" (NY Times, 19/3/12). A estimativa de "consequências
calamitosas" do general Mathis apenas leva em conta as perdas militares
dos EUA, provavelmente centenas de marinheiros em vasos de guerra ao
alcance de mísseis de artilheiros iranianos.
Contudo,
a mais ilusória e auto-enganosa avaliação do resultado e consequências
de um ataque aéreo israelense ao Irão provém de líderes israelenses de
topo, académicos e peritos de inteligência, que afirmam [ter]
inteligência superior, defesas superiores e visão suprema (e também
racista) dentro da "mente iraniana". É típico o ministro da Defesa
israelense, Barak, que se jacta de que qualquer retaliação iraniana na
pior das hipóteses infligirá baixas mínimas à população israelense.
A
visão "judeu-cêntrica" de reordenamento do equilíbrio de poder na
região, a qual prevalece nos principais círculos israelenses, passa por
alto a probabilidade de que a guerra não será decidia por ataques aéreos
israelenses e defesas anti-míssil. Os mísseis do Irão não podem ser
facilmente contidos, especialmente chegarem várias centenas por minuto
de três direcções, Irão, Líbano, Síria e possivelmente de submarinos
iranianos. Em segundo lugar, o colapso das suas importações de petróleo
devastará a economia de Israel, altamente dependente da energia. Em
terceiro lugar, os principais aliados de Israel, especialmente os EUA e a
UE, serão gravemente tensionados quando forem arrastados para dentro da
guerra de Israel e encontrarem-se a defender os estreitos de Ormuz,
suas guarnições no Iraque e no Afeganistão e seus campos de petróleo e
bases militares no Golfo. Tal conflito poderia incendiar as maiorias
xiitas no Bahrain e nas províncias estratégicas ricas em petróleo da
Arábia Saudita. A guerra generalizada terá um efeito devastador sobre o
preço do petróleo e a economia mundial. Provocará a fúria de
consumidores e a ira de trabalhadores por toda a parte quando fecharem
fábricas e choques poderosos por todo o frágil sistema financeiro
resultarem numa depressão mundial.
O patológico
"complexo de superioridade" de Israel resulta em que os seus líderes
racistas sistematicamente super-estimam suas próprias capacidades
intelectuais, técnicas e militares, ao passo que subestimam o
conhecimento, capacidade e coragem dos seus adversários regionais,
islâmicos (neste caso iranianos). Eles ignoram a capacidade demonstrada
do Irão para sustentar uma guerra defensiva prolongada, complexa e em
muitas frentes e em recuperar-se de um assalto inicial e desenvolver
armamento moderno adequado para infligir danos severos aos seus
atacantes. E o Irão terá o apoio incondicional e activo da população
muçulmana do mundo e talvez o apoio diplomático da Rússia e da China,
que obviamente verão um ataque ao Irão como um outro ensaio geral para
conter o seu poder crescente.
Conclusão
A
guerra, especialmente uma guerra israelense-estado-unidense contra o
Irão, está indissoluvelmente ligada ao relacionamento assimétrico
EUA-Israel, o qual secundariza qualquer análise militar e política
crítica nos EUA. Devido à configuração de poder sionista de Israel, a
força militar dos EUA pode ser canalizada para o apoio ao impulso de
Israel para a dominação regional, aos líderes israelenses e acima de
tudo para os seus militares sentirem-se livres para entrarem nas mais
ultrajantes aventuras militares e destrutivas, sabendo muito bem que em
primeira e última instância podem confiar no apoio dos EUA com o sangue e
as riquezas americanas. Mas depois de todo este grotesco servilismo a
um país racista e isolado, quem resgatará os Estados Unidos? Quem
impedirá o afundamento dos seus navios no Golfo e a morte e mutilação de
centenas dos seus marinheiros e milhares dos seus soldados? E onde
estarão os israelenses e sionistas dos EUA quando o Iraque for invadido
pelas tropas de elite iranianas e seus aliados xiitas e um levantamento
generalizado se verificar no Afeganistão?
Os
decisores políticos egocêntricos de Israel desprezam o provável colapso
do abastecimento de petróleo mundial em consequência da sua planeada
guerra contra o Irão. Será que os seus agentes sionistas nos EUA
percebem que, em consequência do arrastamento dos EUA para a guerra de
Israel, a nação iraniana será forçada a por em chamas os campos de
petróleo do Golfo Pérsico?
Quão barato
tornou-se "comprar uma guerra" nos EUA? Por uns meros poucos milhões de
dólares em contribuições de campanha para políticos corruptos e através
da penetração deliberada de agentes "Israel-First", académicos e
políticos na maquinaria de fazer a guerra do governo estado-unidense, e
através da covardia moral e auto-censura dos principais críticos,
escritores e jornalistas que se recusam a nomear Israel e seus agentes
como os decisores chave do nosso país na política do Médio Oriente, nós
nos encaminhamos directamente rumo a uma guerra muito além de qualquer
conflagração militar regional e rumo ao colapso da economia mundial e do
empobrecimento brutal de centenas de milhões de pessoas de Norte a Sul,
de Leste a Oeste.
05/Abril/2012
O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=30150
*Gilsonsampaio
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