Sob censura, greve na Universidade Federal de São Paulo completa 14 dias
Todo apoio aos colegas da UNIFESP!
Movimento
grevista enfrenta retaliações como bloqueio na internet e corte no
fornecimento de água; greve possui adesão da maioria dos alunos e
professores
Há
cinco dias, a página no Facebook “Greve Unifesp” está bloqueada. Ao
tentar abri-la na sexta-feira (30/03), a comissão de greve da
Universidade Federal de São Paulo se deparou com o seguinte aviso: “Por
motivos de segurança, sua conta está temporariamente bloqueada”. Diante
disso, anteontem (02/04), a comissão decidiu criar uma nova página.
Desta vez, conseguiu manter-se no ar por apenas dez minutos, não
conseguindo nem ao menos fazer uma postagem, até receberem um outro
aviso de que “devido à denúncia” a página deveria ser excluída, sem
maiores explicações.
Além
da censura na internet, o movimento também foi alvo de outra
retaliação na última semana de março. O fornecimento de água por todo o
campus foi interrompido – coisa incomum, de acordo com os grevistas,
visto que nos períodos de aulas, com um número muito maior de
estudantes presentes, nunca houve falta de água.
Motivos
A
greve teve início no dia 22 de março, após assembleia realizada no
campus da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, com a presença
de quase todos os alunos e docentes da universidade. A paralisação
ocorre devido aos problemas na infraestrutura, transporte, moradia e
representatividade da instituição, localizada no município de Guarulhos.
Desde
2007, o campus de humanas está instalado no bairro dos Pimentas, com a
promessa da prefeitura de Guarulhos de que seria de forma provisória,
e, que o quanto antes, o prédio definitivo seria construído. Porém, o
campus continua no mesmo local, e agora com um número maior de cursos e
de alunos.
Segundo
a comissão de comunicação da greve, a universidade possui recursos
federais destinados às suas atividades. As salas do CEU (Centro
Educacional Unificado), segundo a comissão, que deveriam ser para uso
dos moradores do bairro dos Pimentas, estão sendo utilizadas pelos
alunos da Unifesp por falta de salas de aula.
“Não
somos contra a colaboração da administração municipal, mas pensamos
que os recursos federais devem ser melhor utilizados e de forma
transparente”, comenta o estudante Jonatas Santiago, um dos membros da
comissão.
Transporte e moradia
Grande
parte dos estudantes vem de regiões distantes da cidade de São Paulo e
enfrentam uma jornada diária de pelo menos duas horas em transporte
público. O mesmo se compara com a realidade dos moradores, que antes
mesmo da universidade, já vinham enfrentando o caos no trânsito desde a
Marginal Tietê até à avenida Juscelino Kubitchek, no Pimentas.
Para
Jonatas, a vinda do campus para o bairro só fez piorar a situação,
pois são mais de 2 mil alunos que optam por morar nas proximidades da
universidade, intensificando cada dia mais o aumento no valor dos
alugueis e do custo de vida em geral.“Não existe moradia estudantil no
campus Guarulhos e em nenhum outro campus da Unifesp originários do
Plano de Expansão das universidades públicas."
Atividades
Apesar
das dificuldades, alunos e professores realizam atividades em conjunto
com os alunos do CEU, como a organização de um cursinho pré-vestibular
para alunos da rede pública, atividades corporais como dança e
capoeira.
Hoje/ontem
(03/04), o movimento realizou um ato no vão do Masp para informar a
população sobre os transtornos ocorridos na universidade. As próximas
atividades da greve estão sendo divulgadas no blog greveunifesp.blogspot.com.br
*Cappacete
Nenhum comentário:
Postar um comentário