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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, agosto 05, 2013

Americanos se oferecem para ir à prisão no lugar de Manning



Do Esquerda.net

2900 americanos oferecem-se para ir para a cadeia no lugar de Bradley Manning

Na petição, cidadãos dos EUA dizem que teriam orgulho de cumprir parte da pena a que o soldado venha a ser condenado, que pode chegar a 130 anos. “Ele fez-nos um favor e, como contrapartida, é minha vontade cumprir parte da sua sentença”, dizem.
 
ARTIGO | 5 AGOSTO, 2013 - 17:23

Peticionários dizem que Manning lhes fez um favor.

Mais de 2900 cidadãos dos Estados Unidos da América assinaram uma petição em que afirmam que se sentiriam honrados e teriam orgulho de servir parte da pena de cadeia a que o soldado venha a ser condenado. Apesar de ter sido absolvido do crime de ajuda ao inimigo, que é punido com prisão perpétua, Bradley Manning, pela soma dos restantes crimes de que foi considerado culpado, que incluem roubo e espionagem, pode ser ainda punido com uma condenação de até 130 anos de cadeia. Mas se a pena fosse dividida por todos os que se oferecem para ir para a prisão no lugar do soldado, daria pouco mais de um mês para cada um.
A petição será dirigida ao Major General Jeffrey S. Buchanan, que vai rever a sentença depois que o juíz militar Coronel Denise Lind tomar a decisão sobre a pena.
É minha vontade cumprir parte da sua sentença”
Os peticionários oferecem-se para cumprir pena, apesar de considerarem que Bradley Manning forneceu ao povo americano informação que o governo não forneceria, e por isso, “ele fez-nos um favor e, como contrapartida, é minha vontade cumprir parte da sua sentença”.
Entre os peticionários há jovens e mais idosos. Um deles, com 68 anos, propõe, “estritamente por motivos práticos, que os voluntários mais velhos vão primeiro. Para mim, seria um privilégio ir em primeiro lugar”.
“Um dia espero que o meu país não se envolva no massacre de civis, como foi mostrado nos filmes que ele divulgou. Ao fazê-lo, fez-nos a todos um favor”, afirma outro peticionário.
Todos sabem que a possibilidade de que seja permitido cumprirem a sentença em nome de Bradley Manning é nula, mas insistem em dizer que são absolutamente sinceros na sua disposição. Seja como for, pretendem demonstrar como valorizam a decisão do soldado de promover a fuga de informação, e acham que a petição pode cumprir um papel de pressão sobre os juízes que decidem a sentença e que vão rever o seu caso.
*Nassif

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