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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, agosto 02, 2013

Mujica defenderá legalização da maconha perante Assembleia da ONU



Montevidéu, 2 ago (EFE).- O presidente do Uruguai, José Mujica, defenderá em setembro, perante a Assembleia Geral da ONU, seu projeto de legalizar maconha, que há dois dias obteve meia sanção no Parlamento, segundo o secretário da Presidência, Diego Cánepa.
O secretário, em declarações exclusivas ao jornal "La Republica" publicadas nesta sexta-feira, disse que o líder tem a intenção de explicar "pessoalmente" o projeto nesta reunião em Nova York, um extremo que fontes da presidência consultadas pela Agência Efe não confirmaram.
As fontes da Efe afirmaram que Mujica analisa viajar aos EUA em setembro ou outubro, especialmente com a ideia de se reunir com o presidente Barack Obama, embora há um tempo especula-se também a possibilidade de comparecer na Assembleia Geral da ONU.
Desde que chegou ao poder em março de 2010, o chefe de Estado uruguaio delegou essa função no vice-presidente Danilo Astori ou no ministro das Relações Exteriores Luis Almagro.
Mujica, um ex-guerrilheiro de 78 anos que passou quase 14 deles preso, a maioria durante a ditadura (1973-1985), afirmou em várias oportunidades que a luta contra o narcotráfico através da repressão "fracassou" e que precisa de "alternativas" para acabar com o "pior flagelo" da América Latina, segundo suas palavras.
Após a aprovação na quarta-feira na Câmara dos Deputados do Uruguai de um projeto de lei que despenaliza a produção e comércio de maconha, o órgão da ONU encarregado de vigiar o cumprimento dos tratados internacionais sobre drogas mostrou na quinta-feira sua "preocupação" por essa medida, pendente de ratificação no Senado uruguaio.
A Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) disse em comunicado que se a lei for aprovada definitivamente, estaria em "completa contravenção" com as disposições dos tratados internacionais sobre drogas, dos quais o Uruguai é parte.
Mujica afirmou em maio, durante uma entrevista à Agência Efe, que se opõe ao consumo de maconha, mas que prefere legalizá-lo para que não cresça "nas sombras" e cause mais dano à população.
"Nunca fumei maconha porque sou de outra época e não defendo nenhuma dependência", afirmou primeiro.
Depois, Mujica esclareceu que a maconha é "uma praga", mas o narcotráfico é "muito pior", por isso esboçou esse projeto com o objetivo de tomar o controle sobre a circulação dessa droga.
O plano de Mujica autoriza ao Estado para assumir "o controle e a regulação de atividades de importação, exportação, plantação, cultivo, colheita, produção, aquisição, armazenamento, comercialização e distribuição de cannabis e seus derivados". EFE
*Yahoo

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