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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, agosto 05, 2013

rei da Espanha indultou um pedófilo preso por violar um garoto de 11 anos


O rei Juan Carlos I, da Espanha, ícone do conservadorismo e sucessor do autocrata Francisco Franco, conseguiu a liberação de 48 espanhóis presos no Marroco, dentre os quais o cidadão espanhol Daniel Fino Galván, preso por estuprar 11 garotos no país africano. O rei espanhol fez o pedido ao rei marroquino Mohamed VI, após sua visita ao Marrocos no mês de julho.
O pedófilo espanhol cumpria uma pena de 30 anos de prisão, tendo já cumprido 18 meses da pena por estuprar garotos entre e cinco anos de idade, gravando tais agressões, após receber a sentença de um tribunal penal em Kenitra, próximo de Rabat.
Após a sua soltura, o cidadão da Espanha foi expulso do território marroquino, deixando para trás dois apartamentos de sua propriedade, no país africano, regressando ao território espanhol com indulto concedido pelo rei.
A decisão dos monarcas marroquino e espanhol geraram a fúria dos usuários do Twitter, para os quais "tal decisão era uma segunda violação" às vítimas. Ativistas do Movimento 20 de fevereiro, que tomou parte em vários eventos da Primavera Árabe, pediram um grande protesto na capital marroquina.
*comtextolivre

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