Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, agosto 05, 2013

Sindicato pede cassação da Rede TV!

Rede TV: salto mortal
do FHC chega ao fim

A Dilma vai entregar a quem não paga à Receita ?

Saiu no site do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão no Estado de São Paulo:


Sindicato pede cassação da Rede TV!


O Sindicato dos Radialistas de São Paulo protocolou na quinta-feira, 25, em Brasília, documento endereçado à ministra Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, com um relato da situação da Rede TV! e os “danos e lesões” causados aos seus profissionais.

É um texto em três páginas, assinado por Sérgio Ipóldo Guimarães, Diretor Coordenador da entidade, com acusações das mais graves, que vão desde a recusa em se fazer homologações até falta de recolhimento do FGTS, passando por inúmeras outras transgressões.

Termina solicitando providências, “no sentido de cassar a concessão outorgada concedendo-a a outra empresa/grupo idôneo ou que no mínimo nomeie um interventor para administrá-la”.

O Sindicato alega que se apressou em fazer tais denúncias, após ser alertado de que Amilcare Dallevo, dono da Rede TV!, esteve em Brasília solicitando, através de empresas do Governo Federal, nova ajuda financeira para a emissora.

As informações foram passadas à coluna por Edson Amaral, diretor de formação do Sindicato.

Outro lado

A respeito deste documento do Sindicato dos Radialistas protocolado em Brasília, a Rede TV!, consultada, informa o seguinte: “A Rede TV! está absolutamente em dia com suas obrigações trabalhistas. O que ocorre é que a emissora já venceu uma batalha de dez anos em que foi julgada, em última instância, não sucessora das dívidas da TV Manchete.”



Leia agora, amigo navegante, a carta do jornalista Berto Filho, publicada por Flávio Ricco.

Berto Filho trabalhou na Rede TV! – e na antiga Manchete – e trava

embate jurídico com a emissora:


“Venho compartilhar com você este raro momento de felicidade.

12 anos depois, estou a ponto de vencer uma longa e estressante guerra judicial contra a Rede TV! que começou em 2001. Foi longe demais por causa dos infindáveis recursos protelatórios interpostos pelos advogados amestrados da TV Omega.

Ainda não estou comemorando mas estou quase com a mão na taça.

O Juiz do Trabalho da 17ª Vara do Rio de Janeiro, Dr. Leonardo Saggese Fonseca, acolheu pedido do meu advogado, dr. Marcello Peral Hamed Humar, e determinou que a BOMBRIL S/A, patrocinadora do programa “Mega-Senha”, que distribui R$1.000.000,00 (um milhão de reais) aos seus participantes, retenha em meu favor o montante referente aos meus créditos trabalhistas.

É um decisão definitiva, inédita e inovadora, na medida em que, pela primeira vez, pelo menos nos processos movidos contra a Manchete-Rede TV, o crédito trabalhista é realizado através do bloqueio de verba publicitária de um anunciante (poderoso) antes que essa verba seja paga pelo anunciante à emissora por conta do patrocínio de um programa. Está aberto, portanto, um precedente de jurisprudência que poderá beneficiar outros colegas que moveram ações trabalhistas contra essa empresa.

O processo foi motivado pelo não pagamento de salários pela TV Omega no tempo em que trabalhei na Manchete e, posteriormente, na sua sucessora (TV Omega), de meados de 1998 ao final de 1999.

O incrível é que não cheguei a ser demitido (não tive baixa na carteira de trabalho) pela TV Omega, sucessora e herdeira da concessão da extinta Manchete. Em uma sucessão de manobras espertas e traiçoeiras, a TV Omega ignorou solenemente que eu era funcionário contratado com carteira assinada pela TV Manchete.

Demorou mas a Justiça está sendo feita.

Fui vítima de uma trama surreal, que pode ser contada assim : trabalhei nessa casa (Manchete e TV Omega) durante mais de 15 meses, não vi cor do salário e ainda fui acusado, por advogados da TV Omega, de não ter trabalhado lá. Para eles e para seus patrões e contratantes, eu era apenas um funcionário fantasma…. Provei que trabalhei e por isso me habilitei ao crédito.

Abraço do Berto Filho”.
Navalha
Um dia, no Governo sombrio do Farol de Alexandria, os funcionários da Rede Manchete colocaram no ar uma placa “estamos em greve”.
A Manchete não pagava salário há muito tempo.
O Jornal da Band, então sob a tutela de ansioso blogueiro, exibiu a imagem desesperada dos ex-colegas da Manchete.
O Farol de Alexandria entrou em pânico.
Apesar do dinheiro que a SECOM botava na Manchete – a Globo, como hoje, ficava com a parte do leão, pois ali mandava, como hoje – a empresa não se sustentaria.
E desgastaria a imagem “limpinha” do Governo do Farol.
Rapidamente o então Ministro da Comunicação – função tucânica, até hoje… – Pimenta da Veiga, encontrou uma solução mineiríssima.
(Sem incomodar a Globo ou desfalcar a parte do leão.)
Passou o trator do Sergio Motta por cima dos direitos trabalhistas e entregou a Manchete a dois empresários de cabedais discutíveis.
Por quê ?
O editor chefe do Globo, notável repórter da Manchete, o Ascanio Saleme – o jornalismo de televisão perdeu um astro ! – há de concordar: a Manchete, herdeira de uma parte dos Associados, tinha uma excelente cobertura em Minas.
E Pimenta era e é candidato a governador de Minas pela UDN, até hoje.
O Farol deu a cambalhota.
Pimenta sumiu na estrada.
Os direitos trabalhistas começam a ser pagos, como demonstra o competente Berto.
E a Rede TV cai no colo do Governo Dilma.
Como sair dessa, sem uma Ley de Medios ?
Vai entregar a quem ?
A quem deve à Receita ?
A quem não paga o ECAD ?
Paulo Henrique Amorim

Nenhum comentário:

Postar um comentário