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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, agosto 22, 2013

Vinda de cubanos reforça ódio ideológico ao PT

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Na rede, os médicos são tratados como "escravos de jaleco"; parlamentares da oposição, como Ronaldo Caiado (DEM/GO) e Eduardo Azeredo (PSDB/MG), também alimentam a gritaria e acusam o governo de querer mandar dinheiro para Fidel Castro; ministro Padilha diz que cubanos que virão ao Brasil têm mais de 15 anos de experiência e muitos falam português por terem participado de missões em países lusófonos; na prática, eles irão para cidades sem médicos, que não receberam inscrições de brasileiros
O anúncio oficial, pelo Ministério da Saúde, da vinda de quatro mil médicos cubanos para trabalhar no Brasil tem reforçado o ódio ideológico ao PT. Além de qualificar a ação do governo como "eleitoreira", o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira, foi um dos primeiros, depois do anúncio da contratação, a colocar em dúvida a qualidade desses profissionais. Segundo ele, a atuação dos médicos cubanos em outros países "é muito próxima de brigada militar, ao invés de um profissional de saúde".
Nas redes sociais, as críticas de parlamentares da oposição também foram duras. "Nossos companheiros na importação de médicos cubanos: Bolivia.,Equador,Venezuela ,Haiti. Mas o Lula não disse q o SUS era perfeito?", provocou o deputado Eduardo Azeredo (PSDB/MG), um dos réus do chamado "mensalão tucano". "A máscara caiu!!! Padilha assina convênio internacional para contratar 4 mil médicos cubanos", escreveu o deputado Ronaldo Caiado (DEM/GO), que é médico.
Caiado reforçou a tese de que os profissionais cubanos são escravos de jaleco "que não verão a cor do dinheiro" e ainda "serão cabos eleitorais". Ele ainda acusou o governo de usar a OPAS (Organização Panamericana de Saúde), com quem o Brasil assinou convênio, de "laranja" para importar cubanos. "Vão pagar R$ 500 milhões para serem repassados a Fidel Castro", ataca. "Já estamos avaliando os termos desse acordo e não vamos admitir qualquer ação com base no trabalho médico escravo", ameaçou, pelo Twitter.
O colunista da revista Veja Reinaldo Azevedo seguiu a mesma linha de que a contratação dos médicos cubanos é uma forma de o governo brasileiro enviar dinheiro a Cuba. "Da forma como será, o Brasil será conivente com a escravidão de médicos cubanos e ainda mandará dinheiro para Cuba", escreveu na rede social. Até o escritor e novelista Aguinaldo Silva fez sua provocação: "Enquanto examinam seus pacientes os médicos cubanos vão conversar com eles sobre o quê? Os males do capitalismo?".
As mensagens levam a uma simples conclusão: as críticas são principalmente ideológicas, se referindo até mesmo a Fidel Castro, uma forma de mostrar que o sistema de governo da ilha é o principal problema para a contratação. Do time de críticos, ninguém sugere, no entanto, uma solução para resolver o déficit de médicos nas 701 cidades brasileiras que não foram escolhidas por nenhum profissional inscrito até agora no Mais Médicos. De acordo com o convênio com a OPAS, os cubanos trabalharão nesses municípios.
Em maio desse ano, quando o País cogitou a contratação de médicos cubanos, mas acabou anunciando o programa Mais Médicos, que aceita a inscrição de profissionais de qualquer país, a revista Veja escancarou esse preconceito: declarou que a vinda dos cubanos irá inundar o Brasil de espiões comunistas (relembre aqui). "Deixar o Partido dos Trabalhadores comandar a política externa dá nisso", diz o texto da jornalista Nathalia Watkins, usando uma linguagem do tempo da Guerra Fria.
Contra os ataques, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esclarece, por exemplo, que 84% dos médicos cubanos que vão atuar nesses municípios têm mais de 16 anos de experiência. E que muitos falam português por terem participado de missões em países lusófonos. Todos já cumpriram missões em outros países e todos têm experiência em medicina familiar e comunitária, uma grande carência em cidades pobres e distantes das capitais no País. Confira o gráfico abaixo:
No 247
*cpmtextolivre

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