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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 04, 2014

Porque Aécio Neves e Eduardo Campos são apupados



Não tenho por hábito assistir aos jornalões televisivos, tarefa para incautos, mas imagino que tenham ignorado as manifestações hostis a Eduardo Campos e principalmente ao tucano Aécio Neves, vaiado em todas as folias a que se aventurou prestigiar e olha que não poucas as incursões do senador/folião, certamente bem mais folião do que senador, conforme se pode atestar pelos seus deslocamentos às custas do Senado Federal, sempre mais à praia do que ao seu domicílio eleitoral. 

Claro que essa ocultação conveniente, por parte da mídia conservadora, do total desprestígio dos dois obedece a um certo instinto de preservação. 

No entanto, o objetivo maior é evitar que se avalie o quanto as coberturas e análises(?) feitas em junho passado, a quando das manifestações que começaram com um protesto contra o reajuste das tarifas do transporte coletivo, em São Paulo, e irradiaram-se por todo o país sob as mais esdrúxulas bandeiras empunhadas, não passavam de vigarice desse jornalixo patronal que vive diuturnamente em oposição ao governo legalmente eleito pelo povo e muito bem avaliado por este há doze anos. 

Com efeito, caiu por terra toda a manipulação que pretendia fazer crer que aquilo era basicamente um urro dado exclusivamente contra Dilma e o PT, porta aberta para que patifes oportunistas criassem o mantra de que o ciclo de governos petistas havia se esgotado. 

Bastou os queridinhos dessa mídia botarem a cara na rua na mais tradicional concentração popular que o Brasil conhece pra constatar-se que aquilo era um grito de insatisfação solto contra políticos em geral, principalmente contra aqueles que representam a face mais conservadora dessa praxis que só lembra do povo na hora do voto, tanto que Dilma mantém elevada sua taxa de confiança, assim como seus percentuais de intenção de votos, sempre folgadamente acima da soma das intenções desses ícones do déja vu . 

Nada mais natural, pois foi Dilma a primeira a perceber o recado dado na ocasião, daí ter proposto que se fizesse uma reforma política em que o poder econômico que sustenta os edus e aécios da vida fosse substituído por um protagonismo popular que fosse além do voto/procuração, aquele dado de quatro em quatro anos e que permite ao eleito ignorar quem o colocou lá. 

Claro que o conservadorismo e o farisaismo de aliados tratou de neutralizar a proposta no parlamento, todavia, não conseguem neutralizar o sentimento popular, que no carnaval se manifesta por apupos e nas eleições por repúdio. Toma-te!

do Blog Na Ilharga

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