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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, agosto 03, 2014

Tesoureiro do PSDB pagou postagens de perfil de Alckmin no Facebook


Mateus Coutinho e Pedro Venceslau




O tesoureiro do PSDB em São Paulo Felipe Sigollo foi o responsável pelo pagamento de US$ 7.604, cerca de R$ 17.185, para divulgar as postagens do perfil oficial de Geraldo Alckmin (PSDB), que disputa a reeleição ao governo de São Paulo, no Facebook.
A informação foi encaminhada para a Justiça Eleitoral no sábado, pelo próprio Facebook. A empresa foi intimada na quarta-feira para informar o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) quem são os responsáveis pelas publicações pagas em favor do tucano na rede social. A medida atende à representação movida pela coligação “São Paulo quer o Melhor” do candidato do PMDB ao governo estadual, Paulo Skaf, contra Alckmin e o Facebook por suposto beneficiamento do candidato tucano na internet.
Postagens teriam impulsionado governador nas redes sociais. Foto: Marcos de Paula/Estadão
Como não entregou dentro do prazo de 48 horas, a Justiça Eleitoral determinou multa diária de R$ 10 mil contada a partir da sexta-feira e que seria ampliada para R$ 100 mil diários caso a empresa não atendesse a determinação até às 17h deste sábado, 2. A empresa, então, encaminhou um documento no qual identifica o tesoureiro do PSDB no Estado pelos pagamentos para impulsionar a imagem de Alckmin na rede social.
Com isso, o TRE deu o prazo de 24 horas para que a campanha de Skaf se manifeste. Neste domingo, os advogados do PMDB protocolou  no TRE solicitando que o tesoureiro do PSDB seja arrolado como um dos réus no processo, caso a Justiça aceite o pedido, o tucano será notificado para se defender.
Ao Estado, Sigollo, que também é diretor da Companhia Paulista de Obras e Serviços (CPOS) do Governo do Estado, reconheceu que fez o uso do instrumento do link patrocinado. Ele disse, contudo, que usou essa ferramenta até o prazo permitido por lei, ou seja, antes da convenção que homologou a candidatura de Alckmin, no dia 29 de junho.
“Nunca pedi autorização para a campanha nem para o próprio governador, essa foi uma iniciativa pessoal minha, para testar o alcance dessa ferramenta”, disse o tucano. Segundo Sigollo, ele usou o cartão de crédito pessoal para pagar durante um ano, dez dólares por dia, para alavancar a página do governador Geraldo Alckmin, prática que é legal e amplamente utilizada por todos os comitês fora do período eleitoral.
Seguidores. Na declaração entregue ao TRE, contudo, o Facebook não traz nenhum detalhamento sobre as datas das postagens, quais postagens foram, ou mesmo quantas foram bancadas pelo tucano. A campanha de Skaf, contudo, deve solicitar à Justiça que a empresa detalhe melhor as quais foram as postagens pagas.
De acordo com os advogados de Skaf, em dezembro do ano passado, Alckmin tinha 100 mil seguidores e em seis meses atingiu 320 mil. “Muito acima do que é esperado para quem não usa links patrocinados”, diz a ação.
O objetivo da campanha de Skaf com a ação é que a Justiça determine ao Facebook que retifique o número de curtidores do perfil de Alckmin, passando a contabilizar somente curtidores registrados sem uso de links patrocinados.Estadão

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