Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, julho 20, 2015

Aos gritos de "Fidel, Fidel", bandeira cubana é hasteada em Washington


Bandeira cubana tremula em Washington 

Abertura da Embaixada de Cuba em Washington. Por Ismael Franscisco/Cubadebate
Por Elaine Tavares/IELA

Esse 20 de julho é um dia importante para a história da América Latina, de Cuba e dos Estados Unidos. Depois de mais de meio século sem relações diplomáticas, os dois país restabeleceram as embaixadas. A bandeira de Cuba foi hasteada em Washington, no número 2630, um casarão na rua 16, ao som do Hino de Bayamo. E a dos Estados Unidos também haverá de tremular em solo cubano nos próximos dias. 

As relações entre os dois países tinham sido cortadas no dia três de janeiro de 1961, ainda no governo de Dwight D. Eisenhower, e sob os governos de Raul Castro e Barack Obama voltaram a se estabelecer conforme comunicado expedido pelos dois em 17 de dezembro do ano passado. Por fim, no dia primeiro de julho desse ano, os presidentes trocaram cartas e marcaram para hoje esse momento histórico vivido por Cuba. 

A cerimônia de abertura da embaixada em Washington contou com a presença de autoridades locais e também muitos cubanos. Foi muito simbólico ver bandeira subindo aos gritos de "Fidel, Fidel".

Agora, com as relações diplomáticas reatadas inaugura-se uma nova etapa entre os dois países e o principal obstáculo a ser superado é o bloqueio econômico, cujo fim precisa ser discutido e aprovado no Congresso dos EUA. Além disso há outros temas críticos como a devolução do território de Guatánamo, onde os EUA tem uma base naval e uma prisão irregular, o fim das transmissões televisivas e radiofônicas ilegais, o fim dos programas que incentivam a desestabilização interna e a compensação ao povo cubano pelos danos humanos e econômicos provocados pelo bloqueio. 


Isso mostra que o caminho será longo e cheio de percalços. A presença dos estadunidenses legalmente instalados em Havana também será um desafio a ser enfrentado e só o tempo poderá dizer o que de bom ou ruim pode vir de tudo isso. 

De qualquer sorte, a inauguração da embaixada cubana hoje nos Estados Unidos foi celebrada como uma vitória em Cuba. 

Veja o vídeo:

Nenhum comentário:

Postar um comentário