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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, julho 21, 2015

liquidação de hegemonia do Banco Mundial e o FMI, nas quais os EUA dominam. Criar alternativas para desenvolvimento e financiamento de diferentes projetos, realizar a ideia do mundo multipolar.”

A cidade de Xangai, na China, abrigará a sede do Novo Banco de Desenvolvimento, o chamado Banco do BRICS

Sede do Banco dos BRICS é inaugurada em Xangai

© AFP 2015/ JOHANNES EISELE


O Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS (NBD) está sendo estruturado para começar a operar no início de 2016.
A cerimônia oficial de abertura do banco contou com a participação do primeiro chefe do NBD, Kundapur Vaman Kamath, do prefeito da cidade, Yang Xiong, bem como de representantes dos países-membros do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
O ministro das Finanças da China, Lou Jiwei, comentou no site do ministério a abertura da nova instituição:
“Estou confiante que, sob a chefia do sr. Kamath e por meio de esforços conjuntos de todos os participantes do banco, o Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS será capaz de se tornar uma instituição completamente nova, profissional, eficaz, transparente, multifacetada e dar uma contribuição à criação de infraestrutura e desenvolvimento sustentável dos países com economias emergentes e em desenvolvimento.”
Durante a coletiva de imprensa, o ministro chinês sugeriu que o NBD coopere com o Banco Asiático de Investimentos em Infraestrutura (AIIB).
"Quanto às relações entre o NBD e o AIIB, deve ser notado que a criação das duas instituições é uma medida importante tomada por economias emergentes para estimular a criação de uma infraestrutura global e reformar o sistema internacional de gestão econômica."
Atualmente o mundo econômico obedece às leis do sistema Bretton Woods, criado em 1944 nos EUA como resultado das conferências nas quais foi discutida a então ordem monetária mundial. Como resultado, foi definido o sistema de regras, instituições e procedimentos para regular a política econômica internacional, e o dólar norte-americano tornou-se equivalente ao ouro na economia mundial.
Os dois bancos recém-criados têm um alvo comum – estimular a criação de uma nova infraestrutura global e apoiar a reforma do sistema que controla a política econômica internacional.
Yakov Berger, especialista do Instituto do Extremo Oriente da Academia de Ciências da Rússia, partilhou a sua opinião sobre esta questão com a Sputnik. Ele sublinhou que o objetivo do NBD e AIIB foi estabelecido já há um tempo, e este é conseguir mudar o sistema financeiro e bancário:
“Mudar em direção ao policentrismo, à liquidação de hegemonia do Banco Mundial e o FMI, nas quais os EUA dominam. Criar alternativas para desenvolvimento e financiamento de diferentes projetos, realizar a ideia do mundo multipolar.”
Lembramos que o acordo de criação do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, com o capital inicial de US$100 bilhões foi assinado pelos Estados-membros do BRICS durante a sexta cúpula do grupo em Fortaleza, Brasil, em julho de 2014. O banco foi oficialmente lançado este mês durante a última cúpula do grupo na cidade russa de Ufá.
O AIIB é uma instituição financial proposta por China para investir em projetos da infraestrutura na região de Ásia-Pacífico. O banco atualmente conta com 57 prováveis membros fundadores, inclusive a Rússia. O projeto de criação do banco foi ratificado em outubro de 2014.


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