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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, julho 08, 2015

carta de Fidel Castro, na qual o líder da Revolução Cubana destaca a “brilhante vitória política” de Tsipras, líder da coalizão de esquerda Syriza, e parabeniza o povo grego pela resistência histórica às “agressões externas”.

Fidel Castro.

Fidel a Tsipras: “Cuba conhece o valor e a capacidade combativa das tropas russas”

© AP Photo/ Alex Castro

Na sequência do “não” que o povo grego deu à troika de credores internacionais no último domingo (5), uma série de líderes políticos se manifestou publicamente em apoio à autodeterminação democrática de Atenas diante das pressões financeiras da União Europeia.
Na América Latina, Argentina, Bolívia, Venezuela e Cuba felicitaram o resultado do referendo grego por meio de mensagens nas redes sociais. Além de uma carta do atual chefe de Estado cubano Raúl Castro, o primeiro-ministro da Grécia também recebeu uma carta de Fidel Castro, na qual o líder da Revolução Cubana destaca a “brilhante vitória política” de Tsipras, líder da coalizão de esquerda Syriza, e parabeniza o povo grego pela resistência histórica às “agressões externas”.
“O seu país, especialmente a sua valentia na atual conjuntura, desperta admiração entre os povos latinoamericanos e caribenhos deste hemisfério, ao ver como a Grécia, perante agressões externas, defende a sua identidade e a sua cultura. Eles também não esquecem que um ano após o ataque de Hitler à Polônia, Mussolini deu ordem às suas tropas para invadir a Grécia, e esse valente país repeliu a agressão e fez retroceder os invasores, o que obrigou ao envolvimento de unidades blindadas alemãs em direção à Grécia, desviando-se do objetivo inicial”, diz a carta.
Além disso, Fidel também fala a Tsipras sobre as potências e parcerias internacionais capazes de “evitar a guerra” hoje em dia, destacando o papel da Rússia e da China no delicado cenário internacional.
“Cuba conhece o valor e a capacidade combativa das tropas russas, que unidas às forças do seu poderoso aliado da República Popular da China, e outras nações do Médio Oriente e Ásia, procurarão sempre evitar a guerra, mas jamais permitirão alguma agressão militar sem resposta contundente e devastadora”, acrescenta.
Por fim, desejando “o maior êxito” ao primeiro-ministro grego, Fidel conclui a carta dizendo que “na atual situação política do planeta, quando a paz e a sobrevivência da nossa espécie estão presas por um fio, cada decisão, mais do que nunca, deve ser cuidadosamente elaborada e aplicada, de forma a que ninguém possa duvidar da honestidade e da seriedade com que muitos dos dirigentes mais responsáveis e sérios lutam hoje por enfrentar as calamidades que ameaçam o mundo”. 
O presidente russo, Vladimir Putin, em conversa telefônica com o premiê grego Alexis Tsipras na segunda-feira (6), ofereceu o apoio de Moscou ao povo da Grécia para a “superação das atuais dificuldades" que o país enfrenta.


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