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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 10, 2015

O governo grego afirmou, nesta terça-feira (7), que a Alemanha deve ao país quase 279 bilhões de euros (sai chupim)


É a primeira vez que o país divulga oficialmente um cálculo  baseado nas atrocidades e saques cometidos pelos nazistas

BBC
O governo grego afirmou, nesta terça-feira (7), que a Alemanha deve ao país quase 279 bilhões de euros (R$ 945 bilhões) em reparações pela ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
O ditador Adolf Hitler: teve apoio dos alemães e conquistou quase toda a Europa em 6 anos
Reprodução
O ditador Adolf Hitler: teve apoio dos alemães e conquistou quase toda a Europa em 6 anos
É a primeira vez que a Grécia calcula oficialmente o quanto acredita que a Alemanha lhe deve por conta das atrocidades e saques cometidos pelos nazistas nos anos 1940. A Alemanha, por sua vez, alega que a reparação monetária já foi resolvida anos atrás.
O governo grego – hoje comandado pelo partido radical esquerdista Syriza – faz a reivindicação num momento em que tem dificuldades em pagar e cumprir os termos de um pacote de resgate da União Europeia, em grande parte financiado pela Alemanha.
O ministro da Economia da Alemanha, Sigmar Gabriel, disse que a demanda é uma "idiotice" por ligar o pacote de resgate a questões de reparação de guerra. "Acho que isso não nos faz avançar um milímetro na questão da estabilidade da Grécia", afirmou.
Mas, o que a Alemanha deve à Grécia e, mais importante, a Grécia pode realmente cobrar algo dos alemães?
No que a Grécia se baseou para reivindicar a compensação?
A ocupação da Alemanha na Grécia ocorreu durante a 2ª Guerra Mundial, entre os anos de 1940 e 1944, e foi uma das piores da história do conflito. Cerca de 250 mil gregos morreram durante a ocupação na Segunda Guerra Mundial, a maioria de inanição.
Também ocorreram massacres, como o de Kalavryta, no qual 500 pessoas foram mortas. Um dos pontos que a Grécia tem discutido no momento é a compensação pela morte de 218 civis em Distomo, em 1944.
No ano 2000, a Suprema Corte grega decidiu que a Alemanha deveria pagar 28 milhões de euros (mais de R$ 92 milhões em valores atuais) aos familiares dos mortos de Distomo, apesar de a decisão não ter sido aplicada e a disputa ter chegado a um impasse nas cortes internacionals nos anos seguintes.
Nesta terça-feira, o vice-ministro das Finanças grego, Dimitris Mardas, incluiu na dúvida supostos 10 bilhões de euros por um empréstimo que os nazistas forçaram o Banco a Grécia a pagar.
Por que a questão foi levantada agora?
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, disse ao Parlamento recentemente que era seu dever buscar as indenizações. Logo no começo de seu mandato, ele levou uma coroa de flores a um monumento para as vítimas dos massacres de gregos por soldados alemães, em Atenas. 
Mas a Alemanha agora é um dos grandes credores da Grécia. E as entre os dois países pioraram nos últimos anos devido à crise financeira. A Alemanha é uma das principais financiadoras dos pacotes de resgate, que desde 2010 tentam evitar o colapso financeiro da Grécia.
O novo governo de esquerda grego afirma que o pacote – que exige que Atenas adote, como compensão, duras medidas de austeridade e cortes de gastos–-, deve ser relaxado, algo que a Alemanha rejeita.
Em fevereiro, o governo da Grécia conseguiu uma extensão de quatro meses para o pacote de 240 bilhões de euros (cerca de R$ 794 bilhões) depois de uma negociação tensa com os credores. E agora Tsipras tenta renegociar o pagamento.
Nesta quinta-feira (9) expira o prazo para que a Grécia pague 448 milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional, parte do pacote de resgate.
O quanto a Alemanha já pagou à Grécia pela ocupação?
Em 1960, o governo alemão pagou 115 milhões de marcos alemães para o governo grego como compensação pela ocupação na guerra. Foi apenas uma parte do que o governo exigiu, mas foram esses os termos de um acordo entre os países.
O governo da Grécia afirma que o acordo de 1960 não cobre exigências importantes, como o pagamento pelos danos à infraestrutura durante a ocupação, crimes de guerra e o empréstimo que o país foi obrigado a pegar com a Alemanha durante o período em que os nazistas ocuparam seu território.
Obrigar um banco central de um país ocupado a tomar empréstimos com a Alemanha era um procedimento comum dos nazistas naquela época.
A Alemanha afirma que a questão da compensação já foi acertada politica e juridicamente em 1990 e questiona a razão de a Grécia não ter negociado tudo isso quando entrou na zona do euro.
Como a Grécia pretende obter o pagamento?
Uma decisão da Suprema Corte da Grécia permite que bens de propriedade de instituições alemãs sejam confiscados como indenização, mas essa decisão nunca foi aplicada pelo então ministro da Justiça grego, Michalis Stathopoulos.
Entre os possíveis bens alemães que podem ser confiscados estão propriedades que pertencem a uma escola de arqueologia alemã e ao Instituto Cultural Goethe.
*BBC

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