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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, dezembro 30, 2014

E a “grande mídia” só se preocupa com a Petrobras: Crise da água faz Sabesp perder R$7,1 bilhões na Bovespa


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A Sabesp fez festa em Nova Iorque.
Até o dia 16 de dezembro, ação da empresa registrava desvalorização de 37,31% desde o início do ano.
Eduardo Vasconcelos, via Portal Terra
Assim como o nível de capacidade do Sistema Cantareira, que continua caindo quase que diariamente, o desempenho da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) na Bolsa tem descido ladeira abaixo ao longo deste ano. As ações da empresa acumulam, até dia 16 de dezembro, desvalorização de 37,31%, o que representa uma perda de R$7,1 bilhões em valor de mercado, de acordo com dados da consultoria Economatica.
Esse resultado é quatro vezes superior à baixa do Ibovespa, principal índice da Bolsa, que registra queda de 8,74% no ano até a mesma data.
Os papéis da empresa paulista já tinham, desde o início do ano, desvalorizado 20,26% no dia 3 de fevereiro, a primeira segunda-feira e dois dias após o governo estadual anunciar um desconto na conta de água para moradores de regiões atendidas pelo Sistema Cantareira, em crise em função do baixo nível de chuvas nas represas que compõem o manancial.
No dia 1º de fevereiro, data do anúncio, o manancial que atende parte da capital e da região metropolitana operava com 21,9% de sua capacidade, bem abaixo da média para o mês, superior a 50%.
“Diferentemente do Ibovespa, quando o índice se recuperou antes das eleições, a Sabesp já vinha caindo ao longo do ano”, diz Fernando Góes, analista da Clear Corretora. “Boa parte disso [queda do índice] é de um mês para cá. A oscilação da Sabesp é anterior a isso.”
Os ativos da empresa até apresentaram ligeira recuperação, mas logo voltaram a cair. No dia 1º de abril, quando o governo ampliou o desconto na conta de água para 31 cidades abastecidas pelo Cantareira, a ação da companhia registrava queda de 18,71%. No dia 12 do mesmo mês, quando o manancial atingiu 12% de sua capacidade, estabelecendo até então um recorde negativo histórico, os papéis ampliavam as perdas para 20,91%, ante ligeira alta de 0,17% do Ibovespa.
Volume mortoA retirada das primeira e segunda cotas do volume morto deram sobrevida ao manancial, mas não resolveram os problemas da Sabesp no mercado de capitais.
No dia 15 de maio, data da retirada da primeira cota do volume morto, enquanto o Ibovespa acumulava alta de 4,56% no ano, os papéis da Sabesp registravam desvalorização de 17,06%.
Já no dia 24 de outubro, quando o Cantareira passou a contar oficialmente com o volume retirado da segunda reserva técnica, a ação da companhia tinha queda de 28,20%.
As perdas no mercado acionário continuaram se ampliando, inclusive após o governador Geraldo Alckmin anunciar, no último dia 11, o presidente do Conselho Mundial de Águas, Benedito Braga, para a pasta de Saneamento e Recursos Hídricos, em substituição a Mauro Arce.
CriseA crise hídrica que atinge as represas paulistas impactou o desempenho da Sabesp na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Apesar disso, as perdas da companhia paulista são inferiores às da Petrobras, que está envolvida no esquema de pagamento de propina investigado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
As ações ordinárias e preferenciais (sem direito a voto) da petroleira caíram 43,61% e 41,58%, respectivamente, até 16 de dezembro. O valor de mercado da estatal passou de R$214,6 bilhões para R$117,2 bilhões, o que representa uma perda de R$97,3 bilhões.
Embora mais modesta, a perda da Eletrobras – outra empresa que sofre com a falta de chuvas, uma vez que o nível baixo dos reservatórios das hidrelétricas obriga a estatal a recorrer às termoelétricas, que produzem energia mais cara – é de R$1,76 bilhão, com os papéis preferenciais e ordinários caindo 27,33% e 7,35%, respectivamente.
Segundo a Economatica, a Sabesp iniciou o ano com um valor de mercado de R$18 bilhões, caindo para R$10,9 bilhões até 16 de dezembro. “Lá pelo meio do ano já se tinha uma indicação de que seria ruim manter [a ação da Sabesp] em carteira. Neste momento, eu certamente não recomendaria comprar”, diz Góes.
No terceiro trimestre deste ano, a companhia lucrou R$91,5 milhões, resultado 80,7% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado.
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*Limpinhocheiroso

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