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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, dezembro 25, 2014


Independência ou Livre Arbítrio


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Por Ana Burke.
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Ter uma trabalho e ganhar um salário não faz ninguém independente. Independente é a pessoa que conhece a si mesma, as suas limitações e respeita as limitações do outro sem explorar a ignorância desta para benefício próprio. A pessoa independente não é aquela que não precisa dos sistemas ou de outras pessoas para sobreviver, mas aquela que é consciente e têm conhecimento do mundo, não se sujeitando aos dogmas que outros seres humanos, impõe como verdade absoluta a outros, sem analisar as injustiças envolvidas e incutidas nestes dogmas.
Todos os seres vivos são dependentes de alimento, de oxigênio, de sais minerais, água, etc. e percebam que água, oxigênio e sais minerais não são seres vivos, portanto, não é apenas a vida a sustentar a vida, a matéria inorgânica têm um papel fundamental e importante, mas não é só isto, a temperatura, a pressão, enfim, para que possamos viver temos que nos conscientizar de que independência não existe assim como o famoso “livre arbítrio” também não existe. Existem coisas que não podemos escolher ter, ou fazer, na hora em que queremos, ou mesmo nunca. Não podemos nem mesmo escolher “ser” ou “não ser” desde que somos moldados para que possamos viver em sociedade. Cada povo é um povo e cada indivíduo pertencente a uma determinada comunidade desenvolve um comportamento diferente e de acordo com o sistema social ao qual está inserido. Como posso falar em independência quando eu não posso nem mesmo escolher a fonte de água da qual eu vou beber e as substâncias que a ela vêm adicionadas? Como eu posso ter livre arbítrio se eu nem mesmo posso atravessar a estrada no momento em que eu quiser? Eu convivo com outros e tenho que respeitar a vez do outro quando tomamos o mesmo caminho. Eu tenho que respeitar fontes de água, se quiser continuar a viver e tenho que saber que estou sujeita a intempéries e catástrofes naturais. Se tivéssemos livre arbítrio jamais encararíamos a morte, ela não existiria, ou jamais ficaríamos doentes, ou envelheceríamos. O fim virá, e não virá quando nós quisermos. Virá e pronto! Acabou-se.
O mundo não existe e têm-se a impressão de que o ser humano pode viver somente com ele mesmo, sem precisar de coisa alguma a mais que mantenha a sua vida. Os seus interesses mesquinhos e irracionais é tudo o que existe neste planeta. Deus é irracional. Primeiro ele cria tudo o que existe e depois, como um ser bárbaro que ele é, destroi tudo o que existe. Ele queria matar os pecadores que ele mesmo criou. Será que aqueles que morreram, crianças dentro do útero, tiveram livre arbítrio? Livre arbítrio! Eu não compro esta fábula.
*Porummundosemreligiao

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