Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, dezembro 25, 2014
LULA DEFENDE 'BASE DE ALIANÇAS MAIS À ESQUERDA'
LULA DEFENDE 'BASE DE ALIANÇAS MAIS À ESQUERDA'
Em novos vídeos sobre a lição deixada pelas eleições, ex-presidente ressalta a importância de se "reorganizar a base de alianças" com setores "mais à esquerda da sociedade"; se isso for feito nos próximos quatro anos, segundo ele, o PT volta a "ter grandes chances de continuar governando o País"; petista atribui vitória apertada de Dilma também à perda de apoio, como de Marina Silva e Eduardo Campos, que "foram para o outro lado"; e destaca o papel da sociedade para "se manifestar" e "ajudar a construir o Brasil que nós queremos"; sobretudo a juventude, afirma o ex-presidente, precisa "se mexer para construir seus sonhos"
24 DE DEZEMBRO DE 2014 ÀS 14:54
247 – O ex-presidente Lula defendeu, para os próximos quatro anos, a "reorganização da base de alianças" com setores "mais à esquerda da sociedade" como uma das soluções para que o PT continue no poder. Em novos vídeos em que aborda as lições deixadas pelas últimas eleições, o petista também ressalta a importância da participação da sociedade para mudar o País, sobretudo da juventude.
"A próxima eleição tem que se dar numa outra lógica política", afirmou Lula, defendendo com veemência a reforma política. "A reforma política passa a ser imprescindível, a começar pelo financiamento público, quem sabe pelo fim das coligações proporcionais, quem sabe pela lista apresentada por cada partido... Mas não pode continuar do jeito que está", disse.
Segundo ele, a eleição presidencial foi apertada também, com a vitória da presidente Dilma Rousseff, "pelo fato de que o PT já está no poder há 12 anos, tudo tem um processo de ascensão do outro lado". Além disso, os petistas perderam apoio, como de Marina Silva e Eduardo Campos, que "foram para o outro lado", como disse Lula. Os dois se candidataram à presidência pelo PSB em outubro.
Lula disse que é preciso "aproveitar esses quatro anos para tentar reorganizar a base de alianças nossas com os setores mais à esquerda da sociedade". Dessa forma, completou, "voltaremos a ter grandes chances de continuar governando o País".
Em um segundo vídeo, o ex-presidente destacou a importância do "papel da sociedade, de cada um de nós, não do governo, de onde a gente estiver se manifestar e começar a dizer como é que a gente quer que as coisas aconteçam nesse País. É preciso que a sociedade assuma para si a responsabilidade de ajudar a construir o Brasil que nós queremos construir", defendeu.
"Se você, que tem 20 anos, 22, 18 16, 17 não tem coragem de brigar, acha que vai ser um velho que vai ter coragem de brigar? É você que tem que brigar, meu caro, comece a se mexer para construir seus sonhos", convocou Lula, que completou: "Eu acho que o Brasil tá precisando muito mais da participação da nossa juventude".
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