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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, dezembro 16, 2014


B4sunPVIUAEYyO0Dez anos após o início da invasão armada da ONU, chefiada pelo Brasil e conhecida como Missão das Nações Unidas de Estabilização do Haiti (Minustah), o país caribenho que compartilha a mesma ilha com a República Dominicana está muito longe de algo que pareça estável. Dezenas de manifestações de rua levaram à renúncia do primeiro-ministro, Laurent Lamothe, no dia de ontem (14).
O povo haitiano ocupou às ruas exigindo políticas sociais que diminuam a situação de miséria que o país se encontra e repudiando os diversos casos de desvio das verbas de auxílio humanitário que são enviadas ao país. O programa de combustível Petrocaribe da Venezuela é um dos que mais envia fundos ao Haiti e o agora ex-primeiro-ministro está sendo acusado de desviar dinheiro desse e de outros fundos.
Mais uma vez, as forças de invasão da ONU cumpriram o vergonhoso papel de polícia política na repressão aos movimentos sociais haitianos como se pode ver no vídeo abaixo. Disparando armas letais, os “capacetes azuis” que sua missão nada tem de humanitária, mas se resume à repressão ao povo do Haiti. Após anos de várias violações, as tropas da ONU são alvo do ódio do povo haitiano.
Este novo episódio de luta do povo haitiano comprova toda hipocrisia dos países imperialistas na ajuda ao Haiti. O Haiti precisa de mais médicos, como os enviados por Cuba, de professores que poderiam ser enviados pela França por proximidade com a língua, de obras de infra-estrutura, principalmente no campo, que vários países, inclusive o Brasil, poderiam fazer. A invés disso, os países imperialistas enviam tropas armadas, preferindo usar a miséria do Haiti como exemplo de medo para os países que queiram enfrentar o imperialismo e seguir um caminho independente.
Jorge Batista, São Paulo
*Averdade

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