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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, dezembro 23, 2014

ALRS derruba auxílio-moradia para juízes, promotores e conselheiros do TCE

Foto: Filipe Castilhos/Sul21
Servidores do Judiciário e do Ministério Público lotaram as galerias da Assembleia para pressionar pelo fim do auxílio-moradia | Foto: Filipe Castilhos/Sul21
Da Redação*
A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou a emenda de autoria da bancada do Partido dos Trabalhadores, vedando o pagamento de auxílio moradia para a magistratura, procuradores e conselheiros do Tribunal de Contas do Estado. Em sessão extraordinária realizada nesta segunda-feira (22), o PT propôs emenda ao projeto de aumento dos subsídios do Poder Judiciário (PL 255/2012) que impede o pagamento do auxílio moradia de cerca de R$ 4.300, sem lei anterior que a defina. A emenda foi acatada pela maioria da Casa e incluída em projeto substitutivo acordado em Plenário.
“A Casa entendeu que se tratava de um artifício para aumentar os salários do Poder Judiciário, uma enorme ilegalidade e, também, uma injustiça para todos os trabalhadores, que há poucos dias receberam aumento do salário mínimo regional, fixado em R$ 1.008,00. Era um absurdo, um penduricalho que foi extinto aqui pelo próprio Legislativo Estadual, quando fixou os subsídios e acabou com todas as formas de penduricalhos”, explicou o deputado Raul Pont.
O substitutivo negociado em Plenário e aprovado por unanimidade pela Assembleia Legislativa fixa o subsídio mensal dos desembargadores do Tribunal de Justiça e dos juízes do Tribunal Militar do Estado, limitado a 90,25% do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, em R$ 30.471,11 a partir de 1º de janeiro de 2015 e proíbe qualquer tipo de despesa agregada ao subsídio/salário. O PL 255/2012 encaminhado pelo poder Judiciário previa subsídio de R$ 32.416,96. Durante o debate, os deputados petistas Jefferson Fernandes e Marisa Formolo também defenderam a legalidade da proposta encaminhada pela bancada.
O fim do auxílio-moradia foi defendida pelos sindicatos dos servidores das instituições.  Nas últimas semanas, dirigentes do SindjusRS, do Simpe-RS, do SindisPGE e da Associação dos Servidores da Defensoria Pública, percorreram os corredores, galerias e salas de comissões da Assembleia, dialogando com deputados, apresentando as pautas e demandas das categorias e ajudando a barrar iniciativas classificadas como “privilégios injustificáveis para juízes e promotores e defensores públicos”.

* Com informações das assessorias da bancada do PT e do Sindjus
*Sul21

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