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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, janeiro 27, 2015

O pai da Revolução Cubana não criticou o acordo anunciado por Raúl e Obama em 17 de dezembro

Além do que se pode ver. Fidel: “Não confio nos EUA”


"Não confio na política dos Estados Unidos, nem troquei uma palavra com eles. Isso não significa - longe disso - uma rejeição a uma solução pacífica dos conflitos", disse o líder cubano Fidel Castro, de 88 anos, afastado do poder desde 2006, em uma carta dirigida à Federação Estudantil Universitária; ele rompe, assim, o silêncio de mais de um mês sobre a histórica aproximação anunciada por seu irmão e sucessor Raúl Castro e pelo presidente Barack Obama. 

AFP - O líder cubano Fidel Castro disse nesta segunda-feira (26) que não confia nos EUA e que não 
conversou com Washington, rompendo, assim, o silêncio de mais de um mês sobre a histórica 
aproximação anunciada por seu irmão e sucessor Raúl Castro e pelo presidente Barack Obama.
"Não confio na política dos Estados Unidos, nem troquei uma palavra com eles. Isso não significa - 
longe disso - uma rejeição a uma solução pacífica dos conflitos", disse Fidel, de 88 anos, afastado do 
poder desde 2006, em uma carta dirigida à Federação Estudantil Universitária.
Com a data de hoje (27), a carta foi lida pelo presidente da Federação, Randy Perdomo, esta segunda à 
noite na televisão cubana.
O pai da Revolução Cubana não criticou o acordo anunciado por Raúl e Obama em 17 de dezembro 
passado, por meio do qual ambos pretendem normalizar as relações bilaterais. O acontecimento foi 
saudado em todo o mundo.
 

"O presidente de Cuba deu os passos pertinentes de acordo com suas prerrogativas e com as 
faculdades que a Assembleia Nacional e o Partido Comunista de Cuba concedem a ele", escreveu 
Fidel Castro.
"Defenderemos sempre a cooperação e a amizade com todos os povos do mundo e, entre eles, os 
dos nossos adversários políticos. É o que estamos reivindicando para todos", completou Fidel 
Castro, o grande ausente no histórico processo de aproximação entre ambos os países, após meio 
século de inimizade.
No longo texto, Fidel fala dos mais diversos tópicos, indo da Grécia Antiga à incursão militar cubana 
na África, nas décadas de 1970 e 1980, e encerra com seus comentários sobre a reaproximação com os 
Estados Unidos.
O silêncio de Fidel voltou a alimentar rumores sobre sua saúde e sobre sua morte no início do mês, até 
que o ex-jogador de futebol argentino Diego Maradona, seu amigo pessoal e que estava de visita em 
Havana, anunciou há duas semanas ter recebido uma carta do líder cubano.
A última aparição pública de Fidel foi em 8 de janeiro de 2014, quando assistiu à inauguração de uma 
galeria do artista cubano Alexis Leyva "Kcho", também seu amigo.

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