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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, janeiro 16, 2015

Polícia de Miami usa fotos de criminosos negros em treinamento de tiro

EUA, polícia, treinamento

Policiais de Miami utilizaram fotos de criminosos negros em treinamento de tiro, revelou nesta quinta-feira uma TV local, após os Estados Unidos experimentarem uma onda de protestos pela violência policial contra afro-americanos.

A polícia de North Miami Beach usou estas fotos, admitiu em entrevista à rede NBC6 o chefe local, J. Scott Dennis, acrescentando que nenhuma lei foi violada.
"Não houve transgressão de nossas políticas... Não haverá medidas disciplinares para os policiais envolvidos nisto", afirmou Dennis.
De qualquer maneira, Dennis garantiu que os policiais não utilizarão mais fotos de prisioneiros para os exercícios de tiro.
O chefe de polícia destacou que as fotos não eram apenas de criminosos negros, mas também de "brancos e hispânicos", o que descarta motivação racial.
O uso das fotos foi denunciado por uma sargento da Guarda Nacional da Flórida que treinou no campo de tiro Medley Firearms, após exercícios no local de agentes da polícia de North Miami Beach, e viu uma foto do próprio irmão sendo utilizada como alvo.
"Me perguntei porque estavam usando meu irmão como alvo", disse a sargento Valerie Deant. Todas as fotos "eram de homens negros".
A foto de Woody Deant foi tirada no ano 2000, quando o homem esteve preso.
"Agora sou um pai, marido, tenho uma carreira, um trabalho", afirmou Woody Deant.
-- Folha Online

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