Por: Suzana Vier, Rede Brasil Atual
José Serra, candidato do PSDB à presidência esteve nesta quarta-feira (14) na UGT (União Geral dos Trabalhadores). A única central que não esteve no encontro dos trabalhadores no início de junho.
Serra foi vaiado uma única vez, quando falou sobre o Corinthians, arquirrival de seu time do coração, o Palmeiras. Mas tampouco arrancou suspiros. A cada frase do candidato, manifestações e gritos espalhados pelo auditório tentavam “dialogar” com o candidato. Se o tema era educação, os burburinhos lembravam das mazelas da área em São Paulo. Se a questão era concessão de rodovias, lembravam que o termo sinônimo de privatização, palavra da qual Serra foge a todo custo. Se eram críticas ao custo de transporte, a queixa era em relação aos pedágios.
Mas nem isso causou mais estranheza do que o pedido de desculpas do candidato a um jornalista da Rede Globo, Fabio Turci. O repórter havia feito uma pergunta sobre juros que desagradou o candidato.
Serra emendou: “De onde você é?”
Turci: “Da Rede Globo.”
“Ah, então desculpas.”
Um repórter ao lado não aguentou: “Você ouviu essa? Ele pediu desculpas porque o cara é da Globo”.
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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quinta-feira, julho 15, 2010
Coisa de moleque Serra pede ‘desculpas’ à Globo
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