Quando não devemos calar
Guardei esse texto do nosso grande arquiteto Oscar Niemeyer, e nesses
tempos de baixaria de campanha, qdo o candidato a vice da chapa tucana faz
uma acusação absurda, que já havia acontecido na campanha de 2002 e
requentada em 2005, pretendendo ligar o PT ao narcotráfico, lembrei-me dele
que aproveito para enviar agora.
Vale lembrar que por causa dessa denúncia, Serra teve que ceder ao Lula
direito de resposta em seu horário de propaganda eleitoral gratuita.
Sonia Montenegro.
Quando não devemos calar
OSCAR NIEMEYER Na Folha de São Paulo 16/3/08, o arquiteto mais jovem do
Brasil.
--------------------------------------------------------------------------------
No momento em que toda a América Latina se une contra as ameaças do
imperialismo dos EUA, a Colômbia resolve invadir território do Equador
--------------------------------------------------------------------------------
QUANDO OCORREU a invasão do Equador pela Colômbia, no dia 1º do mês
corrente, que resultou na morte de 20 combatentes e de um dos principais
líderes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Raúl Reyes,
escrevi um texto, revoltado com o que havia acontecido.
Infelizmente, o texto que redigi não chegou aos jornais antes da solução
adotada graças à pronta e corajosa intervenção dos governos
latino-americanos, que deram ao mundo uma demonstração de unidade e força em
defesa de sua soberania nacional.
Como eu não me limitava a comentar as notícias sobre as Farc que surgiam nos
jornais, mas mencionava fatos ou contatos que tive com aquele grupo, tomei a
decisão de divulgar o artigo que havia elaborado e agora transcrevo:
"É bom, quando nos vemos diante da necessidade de escrever sobre qualquer
assunto, verificarmos que a seu respeito já nos tínhamos manifestado
anteriormente, que a nossa reação não surge de um fato novo ocorrido, mas de
qualquer coisa que já nos tinha ocupado e sobre ela havíamos assumido uma
posição definida.
Refiro-me ao que vem se passando com as Farc, um grupo de revolucionários
que, instalados no território da Colômbia, vem-se opondo há décadas ao
governo reacionário ainda existente naquele país.
É importante aqui registrar, aos que insistem em falar da violência dos
revoltosos das Farc, a opinião do historiador britânico Eric Hobsbawm
("Globalização, democracia e terrorismo", Companhia das Letras): o combate
ao terrorismo, ao longo dos últimos anos, por parte das autoridades
colombianas, tem superado, em muito, a violência política desses
guerrilheiros.
Lembro-me do emissário desse grupo que, muitos anos atrás, me procurou em
meu escritório de Copacabana, pedindo-me que desenhasse um cartaz contra o
Plano Colômbia, que, organizado pelo governo norte-americano, visava
intervir nas Farc, ferindo a soberania do país.
Recordo a maneira emocionada como aquele emissário me falava do assunto, da
revolta que exibia ao comentar a violência com que o governo colombiano
tentava destruí-los. Em poucos dias, desenhei o cartaz que ele havia me
pedido - um protesto contra aquele plano odioso.
Uma colaboração política que muito me agradou, ao saber ter sido aquele
cartaz utilizado até na Europa.
O tempo correu e, sem possuir a força para eliminar o movimento político já
instalado no país, o governo reacionário de Bogotá passou a acusar a direção
das Farc de ser conivente com o narcotráfico em crescente expansão na
Colômbia.
Agora, no momento em que toda a América Latina se une contra as ameaças do
imperialismo norte-americano, é que, numa atitude de violência e desrespeito
inexplicável, o governo da Colômbia resolve invadir o território do Equador,
comprometendo a unidade com que a América Latina tão bem vem se organizando
contra todas essas pressões vindas dos Estados Unidos.
Com sensatez e firmeza, o governo brasileiro, por meio de seu ministro das
Relações Exteriores, Celso Amorim, reclamou uma palavra de desculpa por
parte do presidente colombiano, Álvaro Uribe. E de Hugo Chávez, presidente
da Venezuela, veio a resposta direta e corajosa que a esquerda
latino-americana esperava.
Sabemos muito bem que os Estados Unidos têm a ambição de se apossar das
riquezas existentes na Amazônia e que o governo da Colômbia se presta a
servir de ponta-de-lança para essa finalidade.
"Mas agrada-nos, principalmente, constatar a maneira altiva e vigorosa com
que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem atuando frente aos problemas
desta América Latina tão vulnerável e ofendida".
--------------------------------------------------------------------------------
OSCAR NIEMEYER , 100, arquiteto, é um dos criadores de Brasília (DF). Tem
obras edificadas na Alemanha, na Argélia, nos EUA, na França, em Israel, na
Itália e em Portugal, entre outros países.
dogilsonsampaio
uma acusação absurda, que já havia acontecido na campanha de 2002 e
requentada em 2005, pretendendo ligar o PT ao narcotráfico, lembrei-me dele
que aproveito para enviar agora.
Vale lembrar que por causa dessa denúncia, Serra teve que ceder ao Lula
direito de resposta em seu horário de propaganda eleitoral gratuita.
Sonia Montenegro.
Quando não devemos calar
OSCAR NIEMEYER Na Folha de São Paulo 16/3/08, o arquiteto mais jovem do
Brasil.
--------------------------------------------------------------------------------
No momento em que toda a América Latina se une contra as ameaças do
imperialismo dos EUA, a Colômbia resolve invadir território do Equador
--------------------------------------------------------------------------------
QUANDO OCORREU a invasão do Equador pela Colômbia, no dia 1º do mês
corrente, que resultou na morte de 20 combatentes e de um dos principais
líderes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Raúl Reyes,
escrevi um texto, revoltado com o que havia acontecido.
Infelizmente, o texto que redigi não chegou aos jornais antes da solução
adotada graças à pronta e corajosa intervenção dos governos
latino-americanos, que deram ao mundo uma demonstração de unidade e força em
defesa de sua soberania nacional.
Como eu não me limitava a comentar as notícias sobre as Farc que surgiam nos
jornais, mas mencionava fatos ou contatos que tive com aquele grupo, tomei a
decisão de divulgar o artigo que havia elaborado e agora transcrevo:
"É bom, quando nos vemos diante da necessidade de escrever sobre qualquer
assunto, verificarmos que a seu respeito já nos tínhamos manifestado
anteriormente, que a nossa reação não surge de um fato novo ocorrido, mas de
qualquer coisa que já nos tinha ocupado e sobre ela havíamos assumido uma
posição definida.
Refiro-me ao que vem se passando com as Farc, um grupo de revolucionários
que, instalados no território da Colômbia, vem-se opondo há décadas ao
governo reacionário ainda existente naquele país.
É importante aqui registrar, aos que insistem em falar da violência dos
revoltosos das Farc, a opinião do historiador britânico Eric Hobsbawm
("Globalização, democracia e terrorismo", Companhia das Letras): o combate
ao terrorismo, ao longo dos últimos anos, por parte das autoridades
colombianas, tem superado, em muito, a violência política desses
guerrilheiros.
Lembro-me do emissário desse grupo que, muitos anos atrás, me procurou em
meu escritório de Copacabana, pedindo-me que desenhasse um cartaz contra o
Plano Colômbia, que, organizado pelo governo norte-americano, visava
intervir nas Farc, ferindo a soberania do país.
Recordo a maneira emocionada como aquele emissário me falava do assunto, da
revolta que exibia ao comentar a violência com que o governo colombiano
tentava destruí-los. Em poucos dias, desenhei o cartaz que ele havia me
pedido - um protesto contra aquele plano odioso.
Uma colaboração política que muito me agradou, ao saber ter sido aquele
cartaz utilizado até na Europa.
O tempo correu e, sem possuir a força para eliminar o movimento político já
instalado no país, o governo reacionário de Bogotá passou a acusar a direção
das Farc de ser conivente com o narcotráfico em crescente expansão na
Colômbia.
Agora, no momento em que toda a América Latina se une contra as ameaças do
imperialismo norte-americano, é que, numa atitude de violência e desrespeito
inexplicável, o governo da Colômbia resolve invadir o território do Equador,
comprometendo a unidade com que a América Latina tão bem vem se organizando
contra todas essas pressões vindas dos Estados Unidos.
Com sensatez e firmeza, o governo brasileiro, por meio de seu ministro das
Relações Exteriores, Celso Amorim, reclamou uma palavra de desculpa por
parte do presidente colombiano, Álvaro Uribe. E de Hugo Chávez, presidente
da Venezuela, veio a resposta direta e corajosa que a esquerda
latino-americana esperava.
Sabemos muito bem que os Estados Unidos têm a ambição de se apossar das
riquezas existentes na Amazônia e que o governo da Colômbia se presta a
servir de ponta-de-lança para essa finalidade.
"Mas agrada-nos, principalmente, constatar a maneira altiva e vigorosa com
que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem atuando frente aos problemas
desta América Latina tão vulnerável e ofendida".
--------------------------------------------------------------------------------
OSCAR NIEMEYER , 100, arquiteto, é um dos criadores de Brasília (DF). Tem
obras edificadas na Alemanha, na Argélia, nos EUA, na França, em Israel, na
Itália e em Portugal, entre outros países.
dogilsonsampaio
Nenhum comentário:
Postar um comentário