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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, dezembro 11, 2010

Bahia, uma referência nacional na alfabetização de adultos




Presidente Lula na formatura dos alunos do programa Todos Pela Alfabetização (TOPA). Foto: ricardo Stuckert/PR
É para Heloísas, Andrés e Franciscas – alunos formandos do programa Todos pela Alfabetização (Topa) – que vale a pena governar, que faz com a tarefa de ser presidente da República seja prazerosa e não difícil. Foi com emoção que o presidente Lula fez essa declaração, nesta sexta-feira (10/12), em Salvador, na cerimônia de formatura de 291.682 alunos do Topa. Na ocasião, estavam presentes mil alunos, representando os demais formandos da terceira etapa do programa.
Para o presidente, o programa Topa, resultado de parceria entre o governo da Bahia e o governo federal, é uma referência nacional e provavelmente o melhor programa de alfabetização de adultos do Brasil e, quem sabe, do mundo. Ao ministro da Educação, Fernando Haddad, Lula fez o pedido que, caso continue ministro de Estado no governo Dilma, “apesar de não saber se será”, que ele se dedique a uma viagem ao interior da Bahia para que o programa Topa possa ser replicado e para que prefeitos sejam sensibilizados. Sem o total comprometimento dos prefeitos, disse Lula, será impossível extinguir o analfabetismo.
“Os prefeitos precisam participar. A gente não consegue acabar com o analfabetismo sem eles. Não importa se é de partido de direita ou de esquerda. O ser humano, quando está motivado, é tocado por uma ideologia chamada paixão, chamada coração.”
Ouça abaixo a íntegra do discurso do presidente Lula.

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