O palpite infeliz de Bill Gates
Fundador da Microsoft, Bill Gates passou pelo Brasil e disse, em entrevista a Patrícia Campos Mello, que nós precisamos colaborar mais com os países pobres.
Nós ajudamos, disse, mas é pouco. Já os Estados Unidos, seguiu, são o pais que mais ajuda os pobres no mundo.
Confesso que deve ser gostoso ser americano e pensar como Bill Gates. Ele parece firmemente convencido de que seu país fazem bem à humanidade.
Os Estados Unidos quebraram a economia mundial com seus derivativos. Torraram 4 trilhões de dólares em guerras que só contribuiram para elevar a tensão política e diplomática no planeta. Num esforço para recuperar o terreno perdido de suas empresas, os EUA mantém o dólar artificialmente baixo. Isso prejudica a industria dos países emergentes e atrapalha a criação de empregos.
Eu poderia lembrar outros exemplos mas acho que basta, não? Nenhuma dessas medidas contribuiu para o bem-estar da humanidade. Nenhum problema foi resolvido.
É certo que, com uma pequena fração desses ganhos, os EUA estimulam a filantropia. Nada contra os bons sentimentos. Mas vamos combinar que se trata de uma técnica conhecida: a mão que retira a riqueza com um caminhão devolve uma parte que cabe numa colher de sopa.
Deve ser bom ver o mundo como Bill Gates. Mas é dificil acreditar que seja verdade.
Amigo dele, Warren Buffett, bilionário e benfeitor, deixou toda sua herança para obras de caridade. Seus filhos receberam uma quantia tão pequena que devem ter ficado trauma pelo resto da vida, tamanha foi a malvadeza. Mas Warren Buffett admite que ainda assim não era suficiente.
Depois de olhar para a crise americana, concluiu que os ricos tem feito pouco para recuperar o país e escreveu um artigo dizendo que pessoas com sua fortuna deveriam pagar mais impostos. Mostrou que pagava, relativamente, menos imposto do que seus funcionários de renda muito menor. Buffett ficou do lado certo. Pouco depois, começou o Ocupe Wall Street, que denuncia uma economia onde 99% trabalham para enriquecer 1%.
*esquerdopata
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