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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, novembro 01, 2011

Selvageria contra Lula foi "ensinada" pela imprensa

Autor: Weden  no blog do Nassif

Não há porque o jornalista Gilberto Dimenstein se espantar com a falta de educação de leitores da Folha em relação à doença de Lula. Nem pode se supreender quando olhar as caixas de comentários dos portais do Estadão, do Globo e da Veja, por exemplo.



A selvageria, que se esconde muitas vezes sob o manto do anonimato, nada mais é do que a continuidade do primitivismo jornalístico praticado por muitos dos seus próprios colegas de trabalho, seja na Folha, seja nos outros veículos acima citados.



O modo como os blogueiros selvagens da Veja - com especial atenção aos dois leões de chácara Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes - se referem ao ex-presidente, e o ódio que eles encarnam, não é muito diferente do modo como alguns representantes de uma classe média deseducada - felizmente, minoritária - se refere àquele que saiu do poder com 80% de aprovação.



Exercícios de falta de educação e decoro jornalístico podem ser encontrados em editoriais - um espaço que, por definição, deveria representar a voz respeitosa dos veículos - do Globo, da Folha e do Estadão, com xingamentos e referências sem escrúpulos a Luis Ignácio da Silva.



Assim como a repulsa mostrada por comentaristas e parajornalistas contra os eleitores de Lula resultou num clima de xenofobia e preconceito jamais observado publicamente neste país, a voz carregada de nojo e ódio de uma Lucia Hipólito - que não conseguiu esconder o júbilo pela doença de Lula - ou de um Arnaldo Jabor, ou ainda de um Merval Pereira, produzem seus ecos no comportamento de leitores que não conheceram a civilidade e as regras de comportamento do espaço público.



Autores desqualificados produzem ou pelo menos atraem leitores desqualificados. Antes de se envergonhar dos leitores, Gilberto Dimenstein deveria se envergonhar de alguns nomes que compartilham com ele o mesmo ambiente midiático.
*BrasilMobilizado

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