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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, janeiro 05, 2012

“Miriam Leitão” do petróleo

 

Publiquei, há pouco, no blog Projeto Nacional um texto sobre o farto besteirol que o sr. Adriano Pires – uma espécie de Miriam Leitão da área de energia – que é figurinha repetida na Globo e na grande mídia.
Este ex-”capa preta” da ANP – no tempo em que a ANP leiloava as melhores áreas de nosso petróleo com lances mínimos que não davam para comprar um quarto-e-sala no Leblon – publica hoje dois artigos de “análise” do setor energético.
Os dois, claro, criticando o Governo e defendendo as mesmas posições das multinacionais, do petróleo e da eletricidade.
É, como já disse dele o blog do Augusto Fonseca, na época da campanha do Serra, quando o professor Pires chegava a negar que o Brasil tivesse crescido sob Lula – puro besteirol.
Diz que a falta de leilões novos – como eles têm pressa em leilões, não é? – está comprometendo as novas descobertas de petróleo. Curioso é que, enquanto ele mandava os artigos, o Upstream, um dos mais respeitados sites sobre petróleo no mundo, dizia que o Brasil liderava, com folga, as novas descobertas em 2011.
Depois, ele critica o preço das tarifas de energia – não por serem altíssimos, claro, mas porque o Governo baixou e está baixando regras para reduzir seu preço.
Entre outras sandices, diz que não adianta o BNDES estar investindo pesado em geração eólica – limpíssima – no Nordeste, porque não há linhas para “exportar” essa energia para “os centros de carga do Sudeste”.
É muita cara-de-pau de um homem que se diz especialista em energia dizer isso, porque o Nordeste é importador e não exportador de energia elétrica. Está fresquinho, publicado em dezembro, o Anuário Estatístico de Energia Elétrica, que mostra que a região produz 12% da eletricidade do país e consome 17%. E subindo, viu, porque em 2010 ela se tornou o segundo maior consumidor, ultrapassando a região Sul.
O “especialista” vende gato por lebre na mídia, mas o rabo do gato ficou de fora…
*tijolaço

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