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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, janeiro 17, 2012

Muhammad Ali, 70


Terça-feira o mundo do boxe celebra os 70 anos do esportista mais influente de todos os tempos. Confira o que aconteceu em cada uma das décadas da vida deste mito

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Muhammad Ali versus Sonny Liston
15 de janeiro de 2012
O Estado de S.Paulo
10. Cassius Marcellus Clay Jr. nasceu em Lousville, Kentucky. Em outubro de 1954, aos 12 anos, teve sua bicicleta roubada no estacionamento do Columbia Auditório. Encontrou o policial Joe Martin, que o aconselhou a ir treinar boxe antes de tentar reaver sua bicicleta na violência. Logo depois, Clay estreou no amadorismo com uma vitória por pontos, após três minutos, diante de Ronnie O’Keefe. A primeira bolsa do futuro campeão mundial dos pesos pesados foi de apenas US$ 4,00.
20. Logo após se sagrar campeão olímpico em 1960, Cassius Clay começa a carreira profissional. Com 19 lutas e 22 anos, chega como zebra na proporção de 7 por 1 para enfrentar Sonny Liston. Vence e assombra o mundo. “Sou o maior”, gritou após vencer por nocaute no sétimo assalto, em Miami. Anunciou ter se convertido ao islamismo e adotado o nome de Muhammad Ali. Em 1967, se recusa a integrar o exército norte-americano na Guerra do Vietnã e perde o título. Volta ao boxe em 1970.
30. Em 1971, Ali perdeu a invencibilidade para Joe Frazier. Precisou esperar três anos para recuperar o cinturão. Venceu Ken Norton, George Chuvalo, Floyd Patterson e a revanche contra Joe Frazier. Voltou a ser campeão, aos 32 anos, após bater George Foreman. Ficou sem o cinturão em 1978, quando perdeu para Leon Spinks. Venceu a revanche sete meses depois. Em 1979, anunciou a aposentadoria, mas voltou em 1980 para perder para Larry Holmes e no ano seguinte para Trevor Berbick. Pendura as luvas aos 39 anos.
40. Em 1984, aos 42 anos, revela que sofre do mal de Parkinson. Não se entrega à doença e usa de sua fama para ajudar na busca de dinheiro para as pesquisas da cura. Passa a viajar mais de 250 dias do ano em cerimônias beneficentes e também patrocinadas por marcas mundiais que se afiliam ao seu nome. Torna-se uma figura política importante e é recebido sempre por chefes de Estado. Em 1990, conseguiu que o ditador Saddam Hussein liberasse 14 prisioneiros americanos que estavam em Bagdá.
50. Seus feitos dentro e fora do ringue são reconhecidos mundialmente. A revista Sports Illustrated o elege “O Esportista do Século”. A BBC o considera a “Personalidade do Século”. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, o nomeia “Mensageiro da Paz”. Em 1996, aos 54 anos, tem o direito de acender a tocha olímpica dos Jogos de Atlanta e recebe a medalha de ouro das mãos do presidente do COI, Juan Antonio Samaranch. Ali jogou a verdadeira no rio de sua cidade, após não ser atendido em um bar por ser negro.
60. Em 2005, Muhammad Ali usou boa parte de sua fortuna de US$ 60 milhões na construção do Muhammad Ali Center, em Louisville, sua cidade natal. Lá, os moradores da cidade têm atividades culturais e educacionais. O local também virou uma atração turística pelo fato de dois andares serem reservados a relembrar os grandes momentos da carreira do eterno campeão. Com a saúde abalada, Ali não dá entrevistas e diminui sua atividade social, comparecendo pouco às lutas por título mundial.
70. Mesmo 30 anos afastado dos ringues, doente e sem poder dar entrevistas, Muhammad Ali mantém a popularidade que o consagrou. Em 2010, foi relançado nos Estados Unidos a edição clássica Superman x Muhammad Ali. Uma história em quadrinhos de grande sucesso no fim da década de 70. A Panini promete colocar o livro à venda no Brasil. Mas o maior sonho de Muhammad Ali é que a cura do mal de Parkinson seja encontrada o mais rápido possível. Seria a sua maior “vitória por nocaute”.
Postado por Luis Favre

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