Para o senador Aécio Neves, que tem memória curta e seletiva. E para o povo de Minas Gerais que sofre com as chuvas
Apenas a construção da nova sede do governo de Minas Gerais, a tempo de o ex-governador Aécio Neves (PSDB) participar da inauguração, custou R$ 948 milhões ao governo do Estado. Outros R$ 280 milhões foram gastos em serviços e equipamentos contratados, totalizando R$ 1,2 bilhão. Todo o complexo ergueu-se do chão em menos de 15 meses.
Agora, três meses depois da inauguração, o governo admite gastar mais dinheiro para corrigir algumas escolhas “infelizes” do projeto arquitetônico, e manter o complexo de pé. A lista de “defeitos” na obra, apontados numa lista preliminar, vai do tipo de piso usado no pátio coberto dos três prédios principais, passando por maçanetas que não mantêm as portas fechadas. O gasto com a troca do piso é consenso, pois seria a mais aparente “falha” no projeto de construção do complexo.
Agora, três meses depois da inauguração, o governo admite gastar mais dinheiro para corrigir algumas escolhas “infelizes” do projeto arquitetônico, e manter o complexo de pé. A lista de “defeitos” na obra, apontados numa lista preliminar, vai do tipo de piso usado no pátio coberto dos três prédios principais, passando por maçanetas que não mantêm as portas fechadas. O gasto com a troca do piso é consenso, pois seria a mais aparente “falha” no projeto de construção do complexo.
17.º Governador de Minas Gerais Minas Gerais Mandato:1 de janeiro de 2003 até 31 de março de 2010, Aécio Neves entende como ninguém de incompetência e omissão. Minas Gerais foi largada a sua própria sorte, enquanto ele passeava, namorava e bebia. E não devemos nos esquecer da obra faraônica da sede do governo de MG, que custou R$ 1,2 bilhão
Aécio Neves
Nossas tragédias
Iniciamos o ano, mais uma vez, sob a marca da tragédia. É inevitável, em cada um de nós, uma mistura de solidariedade e de indignação diante de situações que se repetem e em que a única mudança é o endereço: Minas, Rio, Espírito Santo, Santa Catarina...
A dimensão e a gravidade de cada uma dessas situações não permitem que nos transformemos em torcidas organizadas no demagógico jogo de ver diferentes instâncias de governo empurrarem responsabilidades umas para as outras.
O fato de que ninguém, em sã consciência, considere possível corrigir, em poucos anos, danos provocados por erros acumulados em décadas não é pretexto para a aceitação da omissão. A pergunta que precisa ser feita a todo governante não é "por que não resolveu tudo antes?", mas, sim, se fez, no seu tempo, tudo o que estava ao seu alcance.
Assim, o inexplicável contingenciamento de recursos do governo federal destinados à prevenção de enchentes e dos danos causados pelas chuvas, assim como a liberação deles sem que sejam respeitados princípios básicos do equilíbrio federativo, devem ser motivo de protesto e de cobrança não apenas da oposição, mas de toda a sociedade. Até porque a falta de critérios republicanos e a baixíssima execução orçamentária do governo não se dão apenas em uma área.
Acredito que, como agentes públicos, devemos examinar essas situações de duas formas, simultaneamente.
A primeira é olhando para trás e reconhecendo que há um grande passivo de erros que só poderá ser superado com muito trabalho, planejamento e integração de ações. Passivo que é fruto de omissões de administradores que, muitas vezes, até por desinformação, não avaliaram o gravíssimo problema das ocupações desordenadas de áreas urbanas. Passivo que é fruto de uma época em que nos orgulhávamos de domar rios em vez de respeitá-los. E como o longo prazo em política, para muitos, é sinônimo de problema dos outros, o ciclo em que todos perdem se impôs.
A segunda é olhando para o futuro, entendendo que não temos o direito de seguir reproduzindo os erros do passado.
Qualquer administrador, mesmo o do menor município, tem acesso a informações e sabe bem dos riscos de uma ocupação precária de encostas ou margens de rio. Obras feitas às pressas, sem planejamento, cobram da sociedade um alto preço, que não se restringe ao desperdício financeiro.
As repetidas tragédias representam vidas perdidas. E, em respeito a cada uma delas, precisamos abandonar a demagogia, partilhar a solidariedade e cobrar responsabilidade. Os brasileiros não estão condenados a viver apagando incêndios de incompetência ou submergindo em tempestades de omissões.
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