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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, janeiro 10, 2012

''Rumo ao abismo''

Laerte Braga
Quando se olha a História ao longo dos tempos é possível, até nos mais simples livros escolares, independente da convicção de um ou outro, identificar líderes que foram capazes de provocar mudanças extraordinárias na caminhada do ser humano.
É claro, que na perspectiva do processo histórico e suas condições objetivas, até porque Trotsky disse com propriedade que “as massas estão sempre à frente dos dirigentes”. A frase veio antes dos dirigentes descobrirem a mídia como fator de alienação, como anestesia. Basta olhar a chamada Primavera Árabe. Deu em que? Sem direção, sem caminhos definidos, em nenhum dos dois países onde os governantes foram derrubados por protestos populares, Tunísia e Egito, houve qualquer mudança.
A afirmação de Fidel Castro em seu primeiro pronunciamento no ano de 2012 fala em um robô para governar os EUA e numa marcha, que segundo o líder cubano, poderia ser chamada de inexorável para o abismo. Guerras insanas e degradação ambiental.
Afirmar que o capitalismo esgotou-se não significa estar afirmando que o capitalismo vai dar lugar a um modelo político e econômico diverso. O momento mostra a insânia capitalista, a voracidade capitalista num ataque de terra arrasada numa tentativa tanto de sobrevivência, como de “depois de mim o caos”.
Toynbee escreveu sobre esse caos. Segundo o notável historiador inglês o gasto excessivo e inacreditável com armas e o poder cada vez mais destruidor dessas armas, por si só indicava o caminho de uma guerra de destruição total. Foi mais além. Destruição seguida de uma retomada do puritanismo mais agudo que se possa imaginar.
Quem olha Obama, ou qualquer governante recente dos EUA, enxerga apenas uma figura minúscula aos olhos da História, um blefe, uma farsa, produto do marketing que permeia o mundo contemporâneo, do espetáculo que dá o norte de nossos dias.
Fidel é o último dos grandes líderes da História a sobreviver à mediocridade. Por essa razão capaz de enxergar para além do noticiário de todos os dias que a mídia despeja sobre o ser humano em forma de verdade, vendendo as mentiras do capitalismo.
As escavações feitas por arqueólogos em várias partes do mundo mostram uma riqueza transformadora – sem análise de mérito ou modelo – impressionante. Daqui a mil anos os arqueólogos do futuro irão se espantar apenas com as suntuosas sedes dos bancos e das grandes corporações.
É nessa fase do processo que se esvai o conceito de nação e nações. São substituídas por complexos formados pelo sistema financeiro, pelas grandes corporações e em países como o Brasil, também pelo latifúndio (o latifundiário é um sobrevivente da pré-história, bestial, animalesco e predador).

Não há um único país capitalista que seja governado segundo a vontade popular. Governos eleitos pelo voto, naquilo que conhecemos e chamamos de democracia, governam para clubes de amigos e inimigos cordiais (às vezes nem tanto).
O que é a junta militar que governa o Egito? Ou o governo da Grécia? Os índices de rejeição de Nicolas Sarkozy na França são os mais altos desde que assumiu o governo, mas a perspectiva de reeleição de Sarlozy ainda existe, é real.
O capitalismo vende crises porque necessita de crises para sobreviver. Guerreia, porque necessita das guerras para sobreviver. E cada vez mais.
O primado da boçalidade instala-se com todo o vigor possível, com todo os seus requintes tecnológicos de uma nova Idade Média. A Idade Média da Tecnologia.
Marchamos para um abismo sim. O diagnóstico de Fidel Castro é o diagnóstico preciso de um líder que foi capaz de numa minúscula ilha (território) desfechar um processo revolucionário que por mais que possa parecer inacreditável, atemoriza os senhores do mundo.
De quem enxerga a História e sabe entender e situar o seu processo. De quem os encontrou em Marx.
Um robô governaria os EUA sem os atropelos de um farsante como Barack Obama. Ou um louco como George Bush. A máquina de guerra, na contradição de 40 milhões de indigentes, é como uma besta fera alimentando-se do mundo em seu apetite insaciável de império que vive a decadência.
O que é a Europa Ocidental hoje? Um amontoado de bases militares dos EUA. Países colonizados pelo modelo e submetidos a governos minúsculos a partir de Washington. O que é a Rússia hoje? Um país devastado pelo capitalismo e todos os seus efeitos colaterais, submetido a uma ditadura disfarçada de um líder menor, Vladimir Putin. E atrás da Rússia todos os países da antiga União Soviética. E assim a África e a Ásia, sem falar no “milagre” capitalista da China.
O líder cubano Fidel Castro sugeriu nesta segunda-feira que um robô seria a melhor solução para substituir o presidente Barack Obama na Casa Branca, diante da ausência de ‘um candidato capaz de evitar uma guerra que acabe com a espécie humana’.
"Não é por acaso óbvio que o pior de tudo é a ausência na Casa Branca de um robô capaz de governar os Estados Unidos e impedir uma guerra que ponha fim à vida de nossa espécie?”
"Estou certo de que 90% dos americanos inscritos (para as eleições de novembro), especialmente os hispânicos, e o crescente número da classe média empobrecida, votariam no robô’.
Fidel Castro destacou que, para Obama, um bom articulador de palavras, imerso em sua busca desesperada pela reeleição, os sonhos de Martin Luther King distam mais anos-luz do que a Terra do planeta habitável mais próximo’.
"Pior ainda: qualquer dos congressistas republicanos presidenciáveis, ou um líder do (movimento republicano conservador) Tea Party carrega mais armas nucleares em suas costas do que idéias de paz em sua cabeça’.
“Os povos gostam do espetáculo. Através dele dominamos seu espírito e seu coração” – Luís XIV –
É o que faz o capitalismo nos dias de hoje. Um show de pirotecnia de bombas inteligentes matando centenas de milhares de líbios, afegãos, iraquianos, colombianos, assassinando mundo afora “inimigos de Estado”, enquanto milhões de postam em filas quilométricas pela última invenção do “gênio” morto precocemente, nos vários magazines desse espetáculo.
“Escolhido o papel, falta montar o espetáculo. Buscando inspiração nas técnicas teatrais ou cinematográficas, para melhor confundir a arte política e o artifício. Ajustando-se à mediapolítica, à política tal como a degradaram os mass media, a grande imprensa, o rádio e a televisão. Entregando-se à indústria do espetáculo político animado pelos compaign managers (Roger Gérard Schwartzenberg, O ESTADO ESPETÁCULO, 1978, DIFEL, RJ).
Se no Brasil tivemos FHC e seu espelho mágico, nos EUA existe Obama, como existiram Bush, Clinton, Reagan e outros, a perguntar se existe alguém maior que eles.
Existe. Fidel Castro. E não foram poucas as vezes que tentaram envenená-lo.
*gisonsampaio

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