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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, março 15, 2012

Cuba precisa ser parte da Cúpula das Américas

 


Chanceleres da Argentina e do Brasil defendem participação de Cuba na Cúpula das Américas

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A participação de Cuba na Cúpula das Américas, prevista para abril na Colômbia, foi defendida hoje (13) pelos ministros das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, e da Argentina, Héctor Timermam, durante reunião na capital paulista. “Creio que esta tem que ser a última Cúpula das Américas em que Cuba não participe. Esta é uma posição que vamos defender”, disse Timermam. Segundo ele, vários países já têm defendido a mesma posição. “Cuba precisa ser parte da Cúpula das Américas para que esta seja, finalmente, a Cúpula das Américas”, completou.
Para Patriota, essa situação já se prolongou “para além do que seria considerado razoável”. “Recordo a vocês que o então presidente Lula, quando esteve na última Cúpula das Américas, já tinha dito isso, que aquela deveria ter sido a última sem a presença de Cuba”, declarou.
Além da questão envolvendo Cuba, os dois ministros também falaram sobre as Ilhas Malvinas. Recentemente, Timerman acusou a Grã-Bretanha às Nações Unidas de enviar armas nucleares para as Ilhas Malvinas e de manter no arquipélago um sistema militar de controle do Atlântico Sul.
“Hoje conversamos sobre a preocupação [que temos] de que uma potência extrarregional se negue a informar se está introduzindo armas nucleares na região”, disse Timerman. Esse tema, segundo o ministro argentino, será levado para a próxima reunião da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul, que ocorrerá em Montevidéu, no Uruguai. “Reafirmei [a Timerman] o apoio firme e inequívoco do Brasil – e da região como um todo – à reivindicação argentina sobre a soberania das Ilhas Malvinas”, disse Patriota.
O encontro vai reunir o Brasil, Uruguai e a Argentina, além da possibilidade da presença de países africanos do Atlântico Sul. “Estamos seguros de que todos os países da Zona de Paz vão apoiar a proposta Argentina”, declarou Timerman.
Além desses temas, os dois chanceleres também conversaram sobre a visita de técnicos argentinos à Base de Alcântara, no Maranhão, no dia 15 de março, as retomadas das visitas bilaterais e a ideia de reativação dos mecanismos de monitoramento comercial entre os dois países, o que incluiria a indústria automotiva.
Patriota também falou sobre a viagem que fará na noite de hoje ao México, junto com ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Segundo ele, a viagem atende a um pedido feito pelo governo mexicano para buscar um entendimento sobre as mudanças no acordo automotivo. “Esperamos que possamos concluir esse processo amanhã (14), na Cidade do México”, disse o ministro.
Edição: Aécio Amado
*Brasilmobilizado

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