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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, março 15, 2012

O pragmatismo político de FHC e de Lula são boas lições a serem seguidas.



Os próximos dois anos serão decisivos para a viabilização do crescimento sustentado brasileiro. E não serão anos fáceis.

Dilma Rousseff terá que enfrentar interesses poderosos ao mexer nos juros e câmbio. Terá o desafio de reerguer uma indústria combalida. Não haverá o benefício de taxas de crescimento robustas. E ainda se terá pela frente o tsunami monetário.
Por tudo isso, a prudência não recomenda excesso de auto-suficiência, muito menos no campo político.
Uma das características da gestora Dilma sempre foi o de mirar o objetivo final e tratar sem dogmatismo as ações necessárias para se chegar lá. E não perder tempo com aquilo que não fosse fundamental para o se alcançar o resultado final.
Deveria aplicar os mesmos princípios agora, juntando à sua visão estratégica o componente político.
Nesse exato momento, o Executivo pouco depende do Congresso. Já conseguiu o relevante, a aprovação da DRU (Desvinculação das Receitas da União). A presidente nada em popularidade, o Congresso em desgaste. Apesar do desempenho pífio do PIB, no ano passado, o desemprego é baixo.
Mas a política obedece muito mais às regras da teoria do caos do que às ações programadas. Daqui a um ano, o cenário econômico poderá ser o seguinte:
* economia estagnada, enfrentando o tsunami monetário;
* base política fragmentada;
* velha mídia partindo para o terceiro tempo da guerra;
* uma multidão de políticos ressentidos, achando ter chegado o momento da forra.
Dilma entra na nova batalha com a energia de um grande comandante. Esses momentos são cruciais para montar as estratégias para quando a guerra começar.
O pragmatismo político de FHC e de Lula são boas lições a serem seguidas.
por Luis Nassiff

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