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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, março 16, 2012

Cuidado Dilma, chantagistas do Senado trazem consigo o DNA do golpismo

“Coronéis da política” impõe suas vontades com intransigência para
esgotar governo. Se a crise é a negação ao que pedem alguns aliados,
Dilma pode ganhar mais apoio popular.

O Brasil e os coronéis

A campanha contra Juscelino Kubitschek feita pela classe média e os pseudomoralistas da burguesia brasileira elegeram o matogrossense-paulista Jânio Quadros como candidato da vassoura. Da oposição, Jânio só falava em sua campanha de corrupção.
Com comportamento que Freud teria dificuldade de analisar, renunciou falando em “forças ocultas”.
A eleição exigia chapa de candidato à presidente e à vice – o eleitor elegia também o vice. Não era como hoje, em que o único votado é o candidato à Presidência. O eleito foi João Goulart, da chapa de oposição a Jânio Quadros. Mas, na realidade, em vários estados do Brasil, Jânio, traindo seu partido, fazia a chapa Jan-Jan.
No momento da renúncia, João Goulart estava na China – quase um palavrão para os coronéis da época. Mao Tsé-Tung representava o que havia de pior na cabeça daqueles coronéis.
Os coronéis ameaçaram tudo para que Jango não assumisse, até uma tal Operação Mosquito, na qual o avião que traria o já presidente João Goulart poderia ser abatido no ar.
Quase todos os coronéis da época se rebelariam se Jango assumisse.
Jango teve de ceder ao parlamentarismo, teve de ceder na indicação de seu primeiro primeiro-ministro, teve de ceder o Ministério da Fazenda, teve de ceder na reforma agrária.
Jango tinha relações amistosas com seus ministros militares, que o odiavam, e alguns trabalharam para derrubá-lo.
Jango cedeu e caiu.
Naquele momento, até o conhecido Adhemar de Barros, que tinha o slogan “rouba, mas faz”, rezando o terço, envolveu a Igreja na conspiração do golpe de estado que depôs João Goulart.
Hoje, novamente os “coronéis”, só que sem farda, mas ricos, latifundiários e grandes empresários – fundamentalmente do setor de comunicação do Norte e do Nordeste – se entrincheiram para fazer exigências à presidenta Dilma Rousseff. Ela também tem o apoio popular em algumas intervenções que faz para moralizar a administração pública, e não pode ceder.
Dilma cede para os “coronéis” da soja, fazendo com que um partido inteiro receba o transporte para viabilizar o escoamento da safra, reduzindo o custo e favorecendo o preço no momento da exportação. Cede na reforma do Código Florestal. Por uma observação feita sobre o comportamento de um parlamentar, cede mais uma vez, e nomeia um pescador de homens que, em nome de Deus, diz que resolve problemas espirituais e materiais. Cede à Fifa, que quer fazer o que bem entender com o País; cede para os “coronéis” do futebol o direito à entrada gratuita em estádios de idosos e estudantes, tirando também o lugar de proprietários de cadeiras cativas. Cede ainda para “coronéis” do etanol e do álcool.
Enfim, Dilma resolve não ceder mais, pois a soberania nacional não lhe permite ceder, senão para o interesse de todo o País, e não para grupos privilegiados.
A presidenta sabe que, mesmo tendo uma oposição forte nos segmentos midiáticos, o povo estará a seu lado nesse confronto.
Com o respeito que mantém ao processo democrático, não vai falar em “forças ocultas” nem temer qualquer força de “coronéis”.
Dilma sabe que conta com o apoio do povo e do maior líder da história do Brasil dos últimos tempos: Luiz Inácio Lula da Silva.
*Limpinhocheiroso

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