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Revolta do PMDB pode custar caro ao partido
Foto: DIVULGAÇÃO
PRESIDENTE ACEITA COM RESIGNAÇÃO VETO COORDENADO PELOS SENADORES DO PARTIDO AO NOME DE BERNARDO FIGUEIREDO (CENTRO); IRÁ INDICAR OUTRO PARA A ANTT; MAS REVOLTA PODE CUSTAR CARO AO FUTURO DA LEGENDA DO VICE MICHEL TEMER
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– Ok, vocês venceram. É como se a presidente Dilma Rousseff tivesse
aceitado com resignação a verdadeira desfeita praticada pelos senadores
do PMDB, que participaram da votação secreta, na noite da quarta-feira
7, na qual foi vetada a recondução de Bernardo Figueiredo à
diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O
nome era uma indicação pessoal da presidente. “Como dizia um político
que não sei citar o nome, votação secreta dá vontade de trair”, resumiu o
senador Valdir Raupp, presidente do PMDB, ele próprio um dos
participantes da sessão com escrutínio secreto. Foi a primeira derrota
do governo em um ano e três meses de gestão da presidente Dilma. A
votação terminou com 36 votos contra, 31 a favor e 1 abstenção.
Hoje, Dilma parece ter completado o seu recado:
venceram,
mas desta vez, e nem sempre será assim. Em lugar de reclamar dos
aliados ou convocar reuniões para reprimendas, a presidente evitou
iniciar um drama político e simplesmente anunciou que irá indicar outro
nome. O episódio, porém, serviu para elevar às alturas a temperatura da
desconfiança no relacionamento entre o PT de Dilma e o PMDB do
vice-presidente Michel Temer. Falando em nome de uma ala importante do
partido, o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu já levantou, em seu blog, a
hipótese de o PMDB não ser mais o aliado preferencial do PT nas
eleições presidenciais de 2014, dando o lugar de vice a um indicado pelo
PSB – o que equivale dizer ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Também
não passa incólume pelo PT o gesto de Temer de aderir ao movimento dos
insatisfeitos do PMDB – o amplo grupo que se sente desprestigiado pelo
governo e com dificuldades para despachar com ministros. Ao se aproximar
dessa corrente, Temer desagradou Dilma e, de tanto se descolar da
presidente, poderá ficar definitivamente isolado.
Essa
resposta de médio e longo prazo do governo à rebelião ensaiada pelo
PMDB no Congresso teria seus riscos cobertos pela rearrumação da base
aliada, com maior presença do PSB de Campos e, também, do PSD do
prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. O que parece claro é que Dilma
não está disposta, em nenhuma circunstância, a ficar refém do PMDB e
atender a todas as vontades do partido assim que seus quadros batem o pé
no chão. A relação entre o governo o partido está em mutação e será
cada vez mais dura. Nas contas de Dilma, é o partido quem tem mais a
perder.
O
resultado da votação no Senado veio após longa discussão na qual
diversos senadores acusaram Figueiredo de estar sob suspeição por causa
de irregularidades apontadas na agência pelo Tribunal de Contas da União
(TCU). Após o resultado, o líder do governo no Senado, Romero Jucá
(PMDB-RR), reconheceu que muitos senadores dos partidos que dão apoio à
presidenta Dilma estão insatisfeitos com a maneira como vêm sendo
tratados pelo governo. Segundo ele, os aliados reclamam que não são
recebidos pelos ministros e não têm suas demandas analisadas.
O
novo indicado da presidenta para a direção-geral da ANTT terá que
passar por sabatina e aprovação na Comissão de Infraestrutura do Senado
antes de ter o nome analisado pelo plenário da Casa.
*amoralnato
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