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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, março 09, 2012

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Revolta do PMDB pode custar caro ao partido

Revolta do PMDB pode custar caro ao partidoFoto: DIVULGAÇÃO

PRESIDENTE ACEITA COM RESIGNAÇÃO VETO COORDENADO PELOS SENADORES DO PARTIDO AO NOME DE BERNARDO FIGUEIREDO (CENTRO); IRÁ INDICAR OUTRO PARA A ANTT; MAS REVOLTA PODE CUSTAR CARO AO FUTURO DA LEGENDA DO VICE MICHEL TEMER


247 – Ok, vocês venceram. É como se a presidente Dilma Rousseff tivesse aceitado com resignação a verdadeira desfeita praticada pelos senadores do PMDB, que participaram da votação secreta, na noite da quarta-feira 7, na qual foi vetada a recondução de Bernardo Figueiredo à diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O nome era uma indicação pessoal da presidente. “Como dizia um político que não sei citar o nome, votação secreta dá vontade de trair”, resumiu o senador Valdir Raupp, presidente do PMDB, ele próprio um dos participantes da sessão com escrutínio secreto. Foi a primeira derrota do governo em um ano e três meses de gestão da presidente Dilma. A votação terminou com 36 votos contra, 31 a favor e 1 abstenção.
Hoje, Dilma parece ter completado o seu recado: 


venceram, mas desta vez, e nem sempre será assim. Em lugar de reclamar dos aliados ou convocar reuniões para reprimendas, a presidente evitou iniciar um drama político e simplesmente anunciou que irá indicar outro nome. O episódio, porém, serviu para elevar às alturas a temperatura da desconfiança no relacionamento entre o PT de Dilma e o PMDB do vice-presidente Michel Temer. Falando em nome de uma ala importante do partido, o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu já levantou, em seu blog, a hipótese de o PMDB não ser mais o aliado preferencial do PT nas eleições presidenciais de 2014, dando o lugar de vice a um indicado pelo PSB – o que equivale dizer ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Também não passa incólume pelo PT o gesto de Temer de aderir ao movimento dos insatisfeitos do PMDB – o amplo grupo que se sente desprestigiado pelo governo e com dificuldades para despachar com ministros. Ao se aproximar dessa corrente, Temer desagradou Dilma e, de tanto se descolar da presidente, poderá ficar definitivamente isolado.
Essa resposta de médio e longo prazo do governo à rebelião ensaiada pelo PMDB no Congresso teria seus riscos cobertos pela rearrumação da base aliada, com maior presença do PSB de Campos e, também, do PSD do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. O que parece claro é que Dilma não está disposta, em nenhuma circunstância, a ficar refém do PMDB e atender a todas as vontades do partido assim que seus quadros batem o pé no chão. A relação entre o governo o partido está em mutação e será cada vez mais dura. Nas contas de Dilma, é o partido quem tem mais a perder.
O resultado da votação no Senado veio após longa discussão na qual diversos senadores acusaram Figueiredo de estar sob suspeição por causa de irregularidades apontadas na agência pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Após o resultado, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), reconheceu que muitos senadores dos partidos que dão apoio à presidenta Dilma estão insatisfeitos com a maneira como vêm sendo tratados pelo governo. Segundo ele, os aliados reclamam que não são recebidos pelos ministros e não têm suas demandas analisadas.
O novo indicado da presidenta para a direção-geral da ANTT terá que passar por sabatina e aprovação na Comissão de Infraestrutura do Senado antes de ter o nome analisado pelo plenário da Casa.
*amoralnato

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