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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 06, 2012

JUSTIÇA PARAENSE - DESEMBARGADORAS SÃO ALVO DE DENUNCIA

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A ministra Eliana Calmon abriu crise quando denunciou a existencia de bandidos de toga

Duas desembargadoras - uma aposentada e outra ainda na ativa - serão alvo hoje de duas ações de improbidade administrativa impetradas pela Promotoria de Defesa do Patrimônio e da Moralidade Administrativa do Ministério Público do Estado.
Desembargadoras são alvo de denúncia (Foto: )
 Albanira Bemerguy, ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado e do Tribunal Regional Eleitoral, teria liberado pagamento de mais de R$ 600 mil a um advogado, mesmo depois do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ter anulado sentença condenatória a pedido do Banpará. 

Já a desembargadora Maria Edwiges Miranda Lobato teria mandado soltar um criminoso cujo advogado era seu irmão e colocado em liberdade o megatraficante “Dote”.

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Maria Edwiges Miranda Lobato
Nelson Medrado, responsável pela ação de Albanira Bemerguy, diz que em 2008 a desembargadora, na qualidade de presidente do TJ-PA, liberou um precatório no valor de R$ 611.432,31 em favor de um advogado numa ação de indenização movida já transitada em julgado contra a Prefeitura de Belém. “Os autores ganharam a ação no primeiro grau, no valor de R$ 3 milhões. Ocorre que no segundo grau esse valor pulou para R$ 21 milhões. A prefeitura não aceitou, entrou com uma ação rescisória acatada pelo STJ, que proibiu qualquer tipo de pagamento”, detalha Medrado.
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Promotor Nelson Medrado
Os mais de R$ 600 mil liberados pela desembargadora aposentada referem-se a honorários advocatícios (20% dos R$ 3 milhões originais) solicitados pelo advogado dos postulantes. “No mesmo dia que a então presidente do Tribunal autorizou o pagamento, o advogado foi lá e sacou o dinheiro. Ora, a ação foi anulada pelo STJ para que outra sentença fosse prolatada (proferida). Se não havia sentença, não teria que ter pagamento algum”, diz o promotor.
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Albanira Bemerguy

Foi aberto um procedimento contra Albanira Bemerguy no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pela corregedora Eliana Calmon. “Mas como a desembargadora se aposentou, o processo foi encerrado no CNJ e encaminhado para o MP para impetrar a respectiva ação de improbidade. Ela responderá a ação como servidora pública aposentada”, diz Medrado.

A ex-presidente do TJE se aposentou em agosto do ano passado. Albanira já se confrontou recentemente com o CNJ: em 2010, o Conselho anulou decisão irregular de efetivação de temporários no TJ-PA em 2008.
Na sua defesa no CNJ, a desembargadora garante que não quis afrontar a Justiça com a sua decisão e que havia uma parte controversa no processo. Além do ressarcimento do valor liberado, Nelson Medrado pede na ação a indisponibilidade dos bens da desembargadora, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos e pagamento de multa.

DOTE EM LIBERDADE
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Jocicley Braga de Moura, o “Dote”
Já os promotores Firmino Matos, José Maria Costa Jr. e Elaine Castelo Branco querem que a juíza Maria Edwiges Miranda Lobato responda pelo mesmo crime de improbidade. Quando respondia pela 6ª Vara do Juízo Singular da capital, Maria Edwiges teria sentenciado e mandado soltar um criminoso cujo advogado era seu próprio irmão. Para quem não se lembra, ela também autorizou a soltura do megatraficante Jocicley Braga de Moura, o “Dote”, um dos maiores traficantes do Norte e Nordeste.
“Dote” foi colocado em liberdade em 4 de março de 2009 pela então juíza Maria Edwiges Lobato, que respondia interinamente pela Vara de Inquéritos Policiais. Apesar do passado criminoso de Josicley, em seu despacho a magistrada avaliou que ele “tinha bons antecedentes” e por “possuir residência fixa” poderia aguardar o julgamento em liberdade.

O DIÁRIO tentou ouvir na tarde de ontem as acusadas. A Assessoria de Imprensa do TJ-PA informou que como Albanira Bemerguy está aposentada, não teria como localizá-la. O jornal também não conseguiu entrar em contato com a desembargadora Maria Edwiges Lobato, tampouco com seu advogado.

 (Diário do Pará)
*MilitânciaViva

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