JUSTIÇA PARAENSE - DESEMBARGADORAS SÃO ALVO DE DENUNCIA
A ministra Eliana Calmon abriu crise quando denunciou a existencia de bandidos de toga |
Duas
desembargadoras - uma aposentada e outra ainda na ativa - serão alvo
hoje de duas ações de improbidade administrativa impetradas pela
Promotoria de Defesa do Patrimônio e da Moralidade Administrativa do
Ministério Público do Estado.
Albanira
Bemerguy, ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado e do Tribunal
Regional Eleitoral, teria liberado pagamento de mais de R$ 600 mil a
um advogado, mesmo depois do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ter
anulado sentença condenatória a pedido do Banpará.
Já
a desembargadora Maria Edwiges Miranda Lobato teria mandado soltar um
criminoso cujo advogado era seu irmão e colocado em liberdade o
megatraficante “Dote”.
Maria Edwiges Miranda Lobato |
Nelson
Medrado, responsável pela ação de Albanira Bemerguy, diz que em 2008 a
desembargadora, na qualidade de presidente do TJ-PA, liberou um
precatório no valor de R$ 611.432,31 em favor de um advogado numa ação
de indenização movida já transitada em julgado contra a Prefeitura de
Belém. “Os autores ganharam a ação no primeiro grau, no valor de R$ 3
milhões. Ocorre que no segundo grau esse valor pulou para R$ 21
milhões. A prefeitura não aceitou, entrou com uma ação rescisória
acatada pelo STJ, que proibiu qualquer tipo de pagamento”, detalha
Medrado.
Promotor Nelson Medrado |
Os
mais de R$ 600 mil liberados pela desembargadora aposentada referem-se
a honorários advocatícios (20% dos R$ 3 milhões originais) solicitados
pelo advogado dos postulantes. “No mesmo dia que a então presidente do
Tribunal autorizou o pagamento, o advogado foi lá e sacou o dinheiro.
Ora, a ação foi anulada pelo STJ para que outra sentença fosse
prolatada (proferida). Se não havia sentença, não teria que ter
pagamento algum”, diz o promotor.
Albanira Bemerguy |
Foi
aberto um procedimento contra Albanira Bemerguy no Conselho Nacional
de Justiça (CNJ) pela corregedora Eliana Calmon. “Mas como a
desembargadora se aposentou, o processo foi encerrado no CNJ e
encaminhado para o MP para impetrar a respectiva ação de improbidade.
Ela responderá a ação como servidora pública aposentada”, diz Medrado.
A ex-presidente do TJE se aposentou em agosto do ano passado. Albanira já se confrontou recentemente com o CNJ: em 2010, o Conselho anulou decisão irregular de efetivação de temporários no TJ-PA em 2008.
Na
sua defesa no CNJ, a desembargadora garante que não quis afrontar a
Justiça com a sua decisão e que havia uma parte controversa no
processo. Além do ressarcimento do valor liberado, Nelson Medrado pede
na ação a indisponibilidade dos bens da desembargadora, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos e pagamento de multa.
DOTE EM LIBERDADE
Jocicley Braga de Moura, o “Dote” |
Já
os promotores Firmino Matos, José Maria Costa Jr. e Elaine Castelo
Branco querem que a juíza Maria Edwiges Miranda Lobato responda pelo
mesmo crime de improbidade. Quando respondia pela 6ª Vara do Juízo
Singular da capital, Maria Edwiges teria sentenciado e mandado soltar um
criminoso cujo advogado era seu próprio irmão. Para quem não se
lembra, ela também autorizou a soltura do megatraficante Jocicley Braga
de Moura, o “Dote”, um dos maiores traficantes do Norte e Nordeste.
“Dote”
foi colocado em liberdade em 4 de março de 2009 pela então juíza Maria
Edwiges Lobato, que respondia interinamente pela Vara de Inquéritos
Policiais. Apesar do passado criminoso de Josicley, em seu despacho a
magistrada avaliou que ele “tinha bons antecedentes” e por “possuir
residência fixa” poderia aguardar o julgamento em liberdade.
O DIÁRIO tentou ouvir na tarde de ontem as acusadas. A Assessoria de Imprensa do TJ-PA informou que como Albanira Bemerguy está aposentada, não teria como localizá-la. O jornal também não conseguiu entrar em contato com a desembargadora Maria Edwiges Lobato, tampouco com seu advogado.
(Diário do Pará)
*MilitânciaViva
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