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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, março 11, 2012


Mino: PiG engorda
a Casa Grande

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Mino: no meu tempo, já tinha botado fogo nisso aqui




Mino Carta: ‘A mídia atua em favor da “casa grande”’


Mino Carta, o diretor de redação de CartaCapital, palestrou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP, na noite desta sexta-feira 9. Em pauta: a leniência da mídia com a “casa grande” da sociedade brasileira, a regulamentação da mídia e os prós e contras do governo de Luiz Inácio Lula de Silva.


O diretor de redação da Carta defende uma regulamentação dos meios de comunicação a fim de se evitar monopólios de mídia. “Deveria haver uma lei que impedisse que as grandes empresas fossem donas de tudo. Nos países democraticamente mais avançados já existe essa regulação”, afirmou.


Mino enfatizava sua decepção com a população brasileira, uma vez que mesmo sabendo de todos os problemas do governo continua inerte. “O Brasil é um dos principais países em desigualdade social. Recentemente outros seis brasileiros entraram na lista de pessoas mais ricas do mundo, enquanto a população de miseráveis é vasta”, contabilizou.


A mídia é uma das responsáveis por essa inércia, segundo ele. O jornalista declarou que o papel da imprensa seria o de ter uma disposição corajosa em enfrentar o governo, mas costuma fazer o oposto. “A imprensa nativa é parte integrante do poder, por isso está sempre a favor da ‘casa grande.’” Carta lembrou o exemplo da campanha de reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, construída sobre a garantia da estabilidade do real. A mídia o considerava candidato ideal para o Brasil naquele momento, mas omitiu que 12 dias após assumir o poder, FHC mudou a moeda. “A imprensa se esforça para esconder os fatos e a população vive na ignorância. E a minoria mais ou menos abastada acredita nas mentiras oferecidas pelos meios de comunicação”, comentou.


Quando questionado sobre a posição política de CartaCapital, Mino Carta admitiu a “simpatia desabusada” que a publicação sente em relação aos governos de Lula e Dilma. “Nós achamos fantástico o fato de um operário ter chegado à presidência da república, mas isso não fez com que deixássemos de criticar algumas medidas adotadas por ele”, ressalvou.


Mino cita o caso da Copa do Mundo de 2014. “Sediar o mundial de futebol foi uma medida populista adotada por Lula e Dilma é quem está tendo que lidar com os problemas”, explicou. Para ele, o fato de ela ter feito a concessão aos aeroportos foi uma medida desesperada para evitar um desastre durante o campeonato. E teorizou: “Se a Copa for um fracasso, isso vai repercutir no mundo inteiro e provavelmente vai destruir a campanha de reeleição”.


Ele também recordou seus tempos de faculdade. Ele contou que em 1952, quando cursava Direito no próprio Largo São Francisco, a faculdade fervilhava com o movimento estudantil. “Se tudo que acontece hoje em dia fosse naquele tempo, nós já teríamos incendiado esse prédio”, brincou.

*PHA

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