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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, março 19, 2012

Raul Seixas: O Início, o Fim e o Meio


Raul nas telonas Raul nas telonas 
Estréia 23 de Março 
Após convite do presidente da Paramount no Brasil, o diretor Walter Carvalho decidiu levar para o cinema a vida e a obra do compositor baiano em "Raul Seixas - O início, o fim e o meio"
O documentário que narra a trajetória do artista considerado o divisor de águas do cenário musical nacional é uma das produções mais esperadas de 2012. Com estreia marcada para 27 de janeiro, o filme "Raul Seixas - O Início, o Fim e o Meio" apresenta depoimentos, imagens raras, gravações inéditas e arquivos familiares, compostos pela revolução musical e intelectual provocada pelo "maluco beleza" do rock.
s receber um convite irrecusável do presidente da Paramount no Brasil, Jorge Peregrino, o diretor Walter Carvalho decidiu levar para o cinema a vida e a obra do compositor baiano, considerado uma das figuras mais influentes da música nacional.
Para contar a paixão de Seixas pela música, a produção começa com os bastidores do início da carreira do músico em Salvador, onde o roqueiro se apresentava como cover de Elvis Presley. A série de filmagens, que resultou em mais de 200 horas de depoimentos, se transformou num longa sensível aos olhos dos fãs, com uma hora e meia de duração. Apresentando material raro de arquivo, o diretor realizou uma verdadeira varredura na vida do polêmico compositor.
Para registrar a carreira meteórica de Seixas, o longa mostra imagens raras, gravações inéditas e depoimentos filmados em diferentes cenários. As filmagens passam por Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Suíça e Estados Unidos. Durante as viagens, a produção buscou declarações de ex-esposas, dos filhos e de ex-amantes, que testemunharam as fases depressivas da vida de Seixas.
 Enraizado numa repleta de poesia, reflexões e excessos de álcool, o roteiro também aborda como o músico conseguiu agradar ao publico intelectualizado, as classes populares e os jovens. Entre as entrevistas mais esperadas pelas fãs estão as de familiares como o irmão Plínio Seixas, do escritor Paulo Coelho, com quem compôs várias canções, e de Waldir Serrão, fundador do Elvis Rock Clube, onde o compositor se apresentou pela primeira vez. Para o diretor, o principal aspecto do filme é a carreira impactante do músico. "É esta genealogia que a gente tenta trazer para o filme: o artista que tem pressa, libertário, provocador e criativo", comenta Carvalho.
 Ídolo
 Em 26 anos de carreira, Raul Seixas se consolidou como um dos maiores artistas brasileiros. Após sua morte, em 1989, o músico alcançou a impressionante marca de 300 mil álbuns vendidos por ano. Sua discografia é composta por 21 álbuns classificados entre rock e baião. Depois de seu álbum de estreia intitulado "Raulzito e os Panteras", lançado em 1968, o compositor adquiriu um estilo musical contestador e místico. Com a criação da Sociedade Alternativa, que defendia escritos do ocultista Aleister Crowley e sua Lei de Thelema, o músico inspirou gerações com o lema "Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei."

*Briguilino

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