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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, março 14, 2012

Relações perigosas entre o público e o privado

 

Por Cléber Sérgio de Seixas

Como já era do conhecimento de todos aqueles que acompanham a blogosfera progressista, o jornal Folha de São Paulo, pertencente a um grupo privado, estava prestes a estreiar um programa jornalístico na TV Cultura, uma emissora pública do governo paulista pertencente à Fundação Padre Anchieta. O programa TV Folha estreiou com baixa audiência, contrariando as expectativas daqueles que viam nele uma inovação em termos jornalísticos.

Coincidência ou não, o governo de São Paulo está há mais de 16 anos nas mãos do PSDB, um partido que defende ardorosamente as privatizações e as parcerias com o setor privado. A propósito, é bom lembrar o livro A Privataria Tucana - obra que retrata o submundo das privatizações sob o governo FHC quando o ministro do planejamento e mecenas das privatizações era José Serra - um dos mais vendidos nos últimos meses e, apesar disso, o mais escondido e ignorado pela mídia nos últimos anos.

As relações perigosas entre o público e o privado no âmbito da TV Cultura são mostradas nessa reportagem exibida ontem pelo Jornal da Record. Confira abaixo:
*observadoressociais

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