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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 13, 2012

Talebã afegão ameaça decapitar soldados dos Estados Unidos

  Por Redação, com Reuters - de Cabul
Afeganistão
Taliban ameaça decapitar militares norte-americanos para vingar a chacina
Supostos insurgentes afegãos alvejaram nesta terça-feira uma delegação governamental que investiga o massacre de 16 civis por um soldado dos Estados Unidos, disseram autoridades, horas depois de o Talebã ameaçar decapitar militares norte-americanos para vingar a chacina.
No momento do ataque insurgente, dois irmãos do presidente Hamid Karzai -Shah Wali e Addul Qayum- acompanhavam os funcionários de alto escalão dos ministérios de Defesa, Inteligência e Interior que viajavam até o local do massacre, nas aldeias de Najiban e Alekozai, na província de Kandahar, sul do país.
Os irmãos do presidente escaparam ilesos do breve tiroteio ocorrido durante reuniões na mesquita de uma das aldeias, que fica numa rota de suprimento e reduto do Taliban. Um soldado e um civil ficaram feridos.
– O Emirado Islâmico mais uma vez alerta os animais americanos que os mujahideen vão vingá-los, e com a ajuda de Alá vamos matar e decapitar seus sádicos soldados assassinos – disse em nota um porta-voz do Talebã, Zabihullah Mujahid, usando o termo que o grupo islâmico usa para se descrever.
A cidade de Jalalabad registrou o primeiro protesto pelo incidente de domingo, envolvendo cerca de 2 mil estudantes, e o Talebã disse que a hostilidade civil contra as tropas ocidentais não será atenuada pelas exigências do governo afegão para que o sargento responsável pelo massacre seja julgado abertamente.
O militar envolvido não foi identificado e se sabe apenas que ele teria chegado recentemente ao país. Ele é acusado de sair no meio da noite do seu quartel na província de Kandahar e matar 16 aldeões, principalmente mulheres e crianças.
O caso, ocorrido semanas depois de a queima de exemplares do Alcorão em um quartel da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) causar indignação nacional, pode complicar os esforços dos Estados Unidos para negociar uma continuidade da sua presença militar no Afeganistão depois da retirada das tropas de combate, no fim de 2014.
Falando após conversa telefônica com Karzai, que se disse furioso com as novas mortes, o presidente norte-americano, Barack Obama, disse que a chacina só reforça a sua disposição em retirar as tropas do Afeganistão.
Mas Obama alertou que não deve haver uma “corrida para a saída”, e que é preciso encerrar de forma responsável a ocupação iniciada no final de 2001.
O suposto autor do massacre, pertencente a uma unidade militar convencional, trabalhava em um quartel conjunto dos Estados Unidos e do Afeganistão, usado por tropas de elite dos EUA sob um programa dito de “apoio às aldeias”.
O programa já foi saudado pela Otan como possível modelo para o envolvimento norte-americano no país depois da retirada das tropas de combate em 2014. Essas bases prestam apoio a unidades afegãs de segurança e oferecem assessoria de segurança, treinamento e ajuda em atividades de inteligência e combate à insurgência.
*CorreiodoBrasil

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