Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, abril 10, 2012

Dilma reclamou. Pelo jeito, Obama não gostou

 

Peitando o Valentão

Dilma reclamou. Pelo jeito, Obama não gostou Foto: Kevin Lamarque/REUTERS

Presidente americano não demonstrou muita empolgação com a visita da colega brasileira, que expressou, mais uma vez, preocupações acerca da política monetária expansionista dos países ricos; Merkel também não tinha gostado das cobranças

247 – A presidente Dilma Rousseff voltou a reclamar da “depreciação da moeda de países desenvolvidos” nesta segunda-feira, desta vez para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Depois de falar em “tsunami monetário” antes e durante sua última viagem à Europa, a presidente brasileira, que passou um hora e meia em reunião com o presidente Obama – o dobro do tempo previsto – pediu mais integração e o fim de medidas protecionistas na região, inclusive o que chamou de “protecionismo cambial”.
Obama, que já havia se manifestado sobre o encontro, apenas ouviu as reclamações, durante o pronunciamento à imprensa, com a mão no queixo. Um presidente americano completamente diferente do que aquele que recebeu o primeiro-ministro britânico, James Cameron, há alguns dias, com direito a cachorro quente e jogo de basquete – sem falar no jantar de gala de que Dilma não vai usufruir. Um Obama diferente, também, daquele que chamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “o cara”.
Lula, aliás, também se dava bem com o ex-presidente norte-americano George W. Bush – assim como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dividia com o contemporâneo Bill Clinton certa empatia intelectual. Pode ser que a agenda internacional da presidente Dilma seja mais espinhosa, mas o fato é que a brasileira já havia desagradado a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, durante viagem à Alemanha, quando a reclamação sobre o “tsunami monetário” foi rebatida com outra, sobre as medidas protecionistas dos países em desenvolvimento.
EUA
Além das discordâncias na esfera cambial, Dilma e Obama tratraram do comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos e conversaram sobre oportunidades de negócio para os americanos na Copa de 2014 e na Olimpíada de 2016. Também foi abordada a ampliação de parceria nas áreas de inovação, educação e segurança.
*AmoralNAto

Nenhum comentário:

Postar um comentário