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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, abril 15, 2012

Estados Unidos: Aflora o facismo

 

130412 repression[Manuel E. Yepe, tradução do Diário Liberdade]
Um perigo potencialmente grave para a cidadania dos EUA se adverte, depois da evidência de que o Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos (Homeland Security ou DHS) está adquirindo 450 milhões de balas de ponta oca para serem usadas nos próximos cinco anos.
"Para que o Departamento da Homeland Security necessita de 450 milhões de balas de ponta oca?", pergunta um artigo publicado no Activist Post, meio de comunicação alternativo que, à margem da grande imprensa corporativa, se dedica a vigiar e denunciar atos relevantes de excessiva repressão policial.
"Se os Estados Unidos fossem invadido, seria responsabilidade dos militares norte-americanos defender o país, assim, então esse não pode ser o motivo. Para quê são tantas balas se, segundo o senso, os EUA têm apenas 311 milhões de habitantes? Contra quem o DHS pensa em disparar? Há algo que não está nos dizendo", questiona o artigo.
"Pode-se entender que o exército norte-americano ordene essa quantidade de munições – as guerras costumam consumir muitas balas – mas supõe-se que o DHS dispare contra pessoas apenas ocasionalmente. Naturalmente, não faz sentido que necessite tanta munição", diz o trabalho do Activist Post com a assinatura de seu colaborador Michael Snyder.
As balas calibre 40 HTS de ponta oca são utilizadas para combate a pouca distância. Elas expandem a superfície frontal ao primeiro contato com o alvo, e assim impedem seu avanço imediato e quase sempre resultam serem letais, pela amplitude do orifício formado.
O Activist Post publica o texto do contrato entre o fornecedor, a empresa ATK, produtora de armamento e o comprador, o DHS. Além disso, dá conta de outras grandes compras de armamentos que o DHS gerencia, como a aquisição de um arsenal de 175 milhões de cartuchos de balas para fuzis de mesmo calibre que os utilizados pelas forças da OTAN, 5,6 X 45mm.
A publicação recorda que isto ocorre em uma época em que as vendas de armas nos Estados Unidos alcançam níveis astronômicos. Destaca que recentemente o fabricante de armas Sturm, Ruger & Co. anunciou a suspensão temporária até maio, para aceitação de novos pedidos, pois em janeiro e fevereiro deste ano, recebeu pedidos de compras de mais de um milhão de armas de fogo da marca Ruger e atualmente os compromissos firmados para novos fornecimentos ultrapassam sua capacidade de produção, "não obstante os grandes e exitosos esforços feitos para ampliá-la".
Desde que Barack Obama assumiu a presidência dos Estados Unidos, as vendas de armas no país têm crescido a níveis extraordinários, assegura o Activist Post. Mais de 10 milhões de armas de fogo foram vendidas em 2011 e esse número continua crescendo sem parar em 2012, apesar da crise econômica que sofre o país.
A Fundação Nacional de Tiro Desportivo (NSSF- sigla em inglês) anunciou que em janeiro emitiu 920.840 certificados instantâneos de antecedentes criminais para adquirentes de armas, 17,3% mais que no mesmo mês de 2011. Com este, somam 20 os meses consecutivos em que a emissão de tais certificados registra incremento. Ainda que o número de certificações expedidas dê certa medida das vendas, isso não descreve o fenômeno com exatidão, uma vez que alguns certificados são usados para compras múltiplas e algumas transferências e vendas particulares de armas estão isentas destes, o que determina que o número seja maior.
Segundo as pesquisas Gallup, 41% dos norte-americanos dizia possuir uma arma em 2010. Mas quando essa pergunta se formulou em 2011, a proporção havia se elevado a 47%.
E o que está fazendo com que todos queiram comprar armas? , se pergunta o Ativist Post e se responde: Está-se experimentando um incremento do delito enquanto continua o desmoronamento da economia dos EUA. Já se observam invasões violentas de casas em muitas partes da nação. As pessoas estão preocupadas com o rumo que toma o país e querem estar preparadas para a queda.
O problema das gangues nos Estados Unidos é também altamente preocupante. Segundo o FBI existem hoje 1,4 milhões de participantes de gangues nos Estados Unidos, 40% mais que em 2009. Muitas comunidades urbanas foram praticamente tomadas por estas gangues com uso de violência. O cidadão residente nestas comunidades quer estar em condições para enfrentá-las.
Conclui o trabalho reiterando a interrogativa: É verdade que o mundo se faz crescentemente instável, mas sob quais circunstâncias pensa o Homeland Security disparar 450 milhões de balas especiais?
Tradução de Cássia Valéria Marques para o Diário Liberdade
*GilsonSampaio

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